Quando Domiana inteirou onze anos, ainda morava com os pais e mais uma penca, frente ao lixão. A mãe a chamou e a colocou diante de um espelho enfezado, dizendo-lhe:
_Aah, filha!... Se não fosse essa boquinha torta, assim, pra baixo, tão tristinha... Mas quem sabe, né?
Os olhos da menina a mirar o espelho rachado, longe de compreender. Eulálio, imprestável no canto, apenas sorria. Este sim, entendia muito bem. Mas enquanto esse dia não chegava, comeram angú de farinha e foram fuçar no lixão. Acima deles, nuvens pretas de urubus.
Márcio Santana.