domingo, 15 de março de 2009

URGÊNCIA






















Eu estava atrasada como sempre. Sempre me perguntei como o Pedro conseguia agüentar, mas o que importa é que ele conseguia. Cheguei ao restaurante 45 minutos atrasada e ele ainda tinha aquele sorriso sincero como de uma criança quando me viu.
_ Oi! – disse ele, gentil, puxando uma cadeira para eu sentar e pousando um beijo leve nos meus lábios.
_ Oi, querido! Desculpe o atraso, sabe como é...
_ Tudo bem, eu sei. Médicos, urgências, pacientes... Mas você já foi liberada?
_ Por enquanto sim, mas vou ter que voltar ao hospital a qualquer momento. É um caso grave, sabe.
_ Entendo doutora Andrea. – sorriu – Então é melhor nós fazermos logo os pedidos.
Fizemos os nossos pedidos e eu só tinha a agradecer ele ser tão compreensivo. Conversamos sobre coisas da vida, alguns planos nossos, mas eu não conseguia tirar os olhos dos seus, tão verdes e intensos; nem da forma como a sua boca se mexia enquanto soltava as palavras na mesa em frente a mim. Eu sempre dizia que ele era o meu ‘anjo caído’. Jantamos como um casal apaixonado o faz, com muitas carícias e brilhos nos olhos.
_ Vamos indo? – perguntei
_ Vamos. Pode me dar uma carona? Meu carro ainda está no conserto e vim de táxi.
_ Pedro, nós moramos juntos. Na mesma casa.
_ Ah, pensei que você ia direto pro hospital.
_ Não, só se me ligarem.
_ Então vamos.
Não sei como consegui dirigir naquela noite com o Pedro beijando meu pescoço, acariciando minha barriga, seios e passando a mão nas minhas pernas.
_ Desse jeito não vamos chegar vivos em casa. – eu disse.
_Temos que chegar!
Quase bati o carro no portão e parei o carro bruscamente na garagem.
Agora, foi a minha vez de beijá-lo e acariciá-lo, ainda dentro do carro. Não resisti e fui para cima dele no banco do carro.
Comecei a beijar a sua boca, ao mesmo tempo em que lutava com os botões da sua camisa e conseguia arrancá-la do seu corpo. Enquanto isso ele mantinha uma mão acariciando minha bunda, e com a outra me explorava por dentro da blusa, até que conseguiu abrir o meu sutiã e tirá-lo também.
_ Vamos entrar? – perguntei
_ Aqui ta bom – disse ele, rindo
_ Muito... apertado...
_ Tá, então vamos.
Andamos trôpegos, feito bêbados, enroscados um no outro, até que conseguimos achar a porta. Não fomos muito longe. O sofá pareceu bastante confortável e convidativo.
_ Pedro... Não posso – eu disse, em meio aos beijos, largando a bolsa no chão.
_ Por quê?
_ Vão me ligar do hospital a qualquer momento...
_ Então não vamos perder tempo.
Ele jogou algumas almofadas no chão e me deitou no sofá, acariciando meu corpo e tirando minha calça jeans, e depois minha blusa. Começou a beijar cada parte do meu corpo que a sua boca alcançava, enquanto me acariciava entre as pernas. Eu mesma podia me sentir quente. Até que então tirou minha calcinha e pôde sentir minha vagina molhada, acariciando lentamente, de cima para baixo, até que penetrou seus dedos em mim.
_ P-Pedro... Você tem q-que parar – consegui dizer em meio a gemidos e beijos.
_ Por quê? – disse no meu ouvido. Agora ele me massageava por dentro enquanto punha e tirava seus dedos de mim, me fazendo sentir ondas quentes de prazer. – Quer que eu pare?
_ Não – gemi – Não pára!
Ele continuou a me tocar, também beijando meu seio, envolvendo-o com a mão e a boca, passando sua língua quente, sabendo exatamente o que fazer. Não pude deixar de passar as mãos pelos seus cabelos, puxando-os e incitando-o a continuar. Perdi o completo controle arranhando com força demais as suas costas, fazendo-o gemer e gritar. Eu o empurrei de cima de mim para o chão, caindo em cima dele, vendo seus olhos frágeis pela excitação e seu sorriso safado, como de moleque.
_ Calma – disse ele rindo.
_ Calma nada, cala essa boca. – arranquei o resto da sua roupa, arranhando, beijando e mordendo seu corpo enquanto ele me olhava apoiado nos cotovelos. Até que agarrei seu pênis ereto e o enfiei completamente na minha boca. Mal pude vê-lo quando se deixou cair no chão respirando fundo.
Enquanto chupava o seu membro firme, eu ia arranhando a sua barriga, fazendo-o se arrepiar e prender a respiração. Ele se sentou e me puxou para junto dele, me deixando ver seus olhos turvos, frágeis pelo prazer me fazendo querer senti-lo dentro de mim. Fechei os olhos e gemi enquanto sentia seu pênis penetrando a minha vagina ao mesmo tempo em que ouvia a respiração ofegante do Pedro. Ele me segurou pelas costas fazendo com que mudássemos de posição sem que saísse de dentro de mim. Abri minhas pernas envolvendo-o pela cintura enquanto ele começava a me penetrar. Podia ver seus cabelos de plumas negras balançando sobre mim enquanto me olhava com luxúria nos olhos e gemia ofegante. Até que começou com investidas mais longas e fortes e eu a arranhá-lo as costas gemendo cada vez mais alto.
Então ele parou de me penetrar, para poder me virar, fazendo com que eu ficasse de costas para ele, deitado de lado no chão. Com minha mão guiei seu pênis até a minha vagina, e ele começou a me penetrar novamente, enquanto acariciava o meu clitóris com uma mão, e com a outra envolvia meu seio até substituir a mão pela boca. Ele continuou a acariciar meu clitóris fazendo-me sentir grandes ondas de prazer e ficar mais ofegante, até que ele começou investidas cada vez mais rápidas e fortes, fazendo com que chegássemos ao clímax juntos.
Após alguns instantes me virei de frente para ele, encarando seus olhos risonhos já sonolentos. Continuamos deitados no chão, completamente suados e ofegantes, quase adormecidos.
_ Eu amo você – ele me surpreendeu dizendo estas palavras de olhos fechados e com um meio sorriso nos lábios.
_ Eu-- – meu telefone tocou – droga!
_ Tudo bem. Te vejo no café da manhã?
_ Sim, talvez até antes – eu já estava de pé, catando nossas roupas, procurando as minhas – Vá descansar na cama – recomendei.
_ É, eu vou. – se levantou lentamente, veio até mim, pousou seus lábios nos meus e foi em direção ao quarto. – Não se atrase. – disse por cima do ombro.



Larissa Baker

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

ANAL




























Éramos meninas na época. Eu, a Marli e a Cíntia. A Cíntia era a mais fogueta das três. Ela era apaixonada pelo Estefani, um menino feio mas muito inteligente. Eu e a Marli gostávamos do mesmo menino, o Claudionor. Claudionor era muito diferente do Estefani, ele era muito bonito, mas parecia que não tinha cérebro. Raciocinava de forma muito lenta, e vivia lendo revistas pornográficas dentro da sala de aula. Quando terminamos o ginásio prometemos continuar nos encontrando, pois nossa amizade era e deveria ser eterna. Dois meses depois de eu completar dezoito anos, reencontrei a Marli. Fomos tomar sorvete e colocar nossa conversa em dia.
_Sabia Neide que a Cíntia transou com o Claudionor? Disse-me ela.

_Não acredito que aquela cadela deu encima dele.

_Deu encima, embaixo, de lado, háháhá...

Senti raiva ao saber daquilo.
Por coincidência ou obra do destino, quem apareceu de repente na mesma sorveteria? Claudionor. Estava mais alto, mais bonito, forte... trazia na mão esquerda um livro de Pessoa. Estranhei, mas achei melhor não perguntar sobre as revistas pornográficas. Ele se sentou ao meu lado, pude sentir o cheiro forte de um perfume desconhecido mas muito gostoso. Conversa vai, papo vem, acabamos indo embora juntos em seu carro, um Passat barulhento de cor verde-musgo. Primeiro ele deixou nossa amiga Marli em sua casa. Assim que a deixamos, seguimos o caminho que me levaria à minha, mas de repente ele parou o carro numa praça mal iluminada, desligou o mesmo e foi bem direto.
_Quero beijar você agora.

_Tá louco? Primeiro cata aquela vaca e depois vem querendo me beijar só porque estou dentro de seu carro?...

_Não é isso, é que eu sempre senti vontade de te beijar, mas eu nunca tive coragem de te falar.

Eu estava ardendo de tesão, se ele pedisse mais uma vez eu até arrancaria minha roupa ali mesmo.

_Posso te beijar?

Tudo começou naquele beijo. Suas mãos grossas alisavam-me o corpo inteiro. Seu cheiro me enlouquecia mais e mais. Quando senti sua mão esquerda invadir minha saia e rasgando minha calcinha, molhei-me toda. Seu dedo grosso entrou em minha vagina, não resisti, contraí o corpo todo e gozei. Num fôlego só fui tirando a camiseta, o sutiã e a saia. A calcinha rasgada perdeu-se dentro do carro. Nua, deitei-me no banco de trás e abri as pernas. Claudionor beijava minha boca, pescoço, peitos, barriga... Quando chegou bem perto de minha vagina começou a lamber minha virilha, de um lado e de outro. Eu me estremecia toda, louca pra ser chupada. De repente ele lambeu minha boceta, e eu tive outro orgasmo.
Claudionor tirou a camisa e a calça, ficando com aquele instrumento rígido apontado pra mim, ri na hora por achar engraço, mas tive que calar o riso quando ele pôs todo o instrumento em minha boca. Era grande, rígido, e pulsante. Pulsava como se fosse explodir. Chupei tudo, de cima a baixo. Esfreguei aquele pinto em meu rosto e pescoço. O coloquei entre meus peitos e o apertei com muita força. Ele parecia ir à lua e voltar. Era gostoso vê-lo assim. Dei a última chupada antes dele penetrar minha boceta, e quase meu coração parou quando senti aquele pinto enorme dentro de mim. Suas estocadas eram fortes, às vezes ele ia rápido, outras vezes ia lento. Claudionor sabia variar os gostos. De repente senti uma vontade muito forte de fazer sexo anal. Talvez devido ao seu saco estar o momento todo se encostando a minhas partes traseiras. Cochichei no ouvido dele a minha vontade, e ele então pegou seu pinto e encostou-me atrás. Senti uma espécie de choque.
Fechei os olhos e morri. Era minha primeira vez, e confesso, não foi a última, culpa daquela dorzinha que se transformou em prazer. Quando senti que ele aumentava o ritmo, resolvi ficar por cima, sem tirar de dentro. Cavalgando meu alazão eu forçava para que entrasse cada vez mais. Fui aumentando o ritmo cada vez mais, até que de repente fui agarrada pelos peitos e alguma coisa quente explodiu dentro de mim, quase desmaiei de tesão. Claudionor após ter gozado, virou-me de lado e abriu minhas nádegas, ele disse que gostava de ver seu esperma saindo do ânus porque dava a impressão que a mulher estava gozando pela bunda.
Não contei isso pra minha amiga Marli que hoje está casada com o Estefani, professor de física, pois não queria que ela desse encima dele. Pra afastar de vez a galinha da Cíntia de nosso caminho, inventei uma mentira das bravas, sem que ela soubesse que fora eu a autora da mentira espalhei entre os amigos que ela estava com doença venérea e que vivia tomando injeção para se curar. Eu e o meu gostoso Claudionor saímos até hoje. Até me domestiquei, sempre que ele goza eu me viro e gozo também.



Selena Maria

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

PRIMEIRO VERÃO

























Eu estava super cansada, com fome e morrendo de calor, fora que aquela ultima aula tinha sido muito chata. Prometi a mim mesma não fazer mais curso de férias. Estava louca para chegar em casa e tomar um longo banho.
Fui entrando no apartamento e logo de cara encontrei meu primo Icaro, que estava passando as feias com a gente.

_ Oi! Olha só, tô de saída...
_ Pra onde você vai? – perguntei
_ Jogar futebol na praia. Tem comida na geladeira.
_ Ei! Cadê meus pais?
_ Ah, eles saíram e disseram que só chegam à noite. Tchau!
_ Tchau.

Então eu estava só em casa. Descidi que primeiro tomaria um banho e depois comia alguma coisa. Fui para o meu quarto, tirei minha roupa, peguei uma toalha e coloquei para tocar o meu CD favorito bem alto. Entrei no banheiro e não me preocupei em fechar a porta já que estava sozinha em casa, e com a porta aberta eu podia ouvir o som.
Comecei a tomar meu banho, lavando meu cabelo e ensaboando meu corpo enquanto cantarolava algumas musicas e dançava bem devagar. Para um dia quente a água estava numa temperatura perfeita.
Até que quando virei na direção da porta para que a água caísse sobre minha cabeça, dei de cara com um Icaro me olhando assustado e com um grande volume na bermuda. Acho que nos olhamos por poucos segundos, até ele conseguir sair do aparente transe e se esconder encostado na parede.

_ ICARO, VOLTA AQUI - gritei.
_ Ju, olha... me desculpa, eu só... – ele apareceu de novo na porta e enquanto falava não tirava os olhos dos meus seios – só tava passando pelo corredor e a porta estava aberta, e eu vi você, quer dizer, eu não vi você, eu só...
_ Hahahahahaha! – não me controlei e ri bem alto.
_ O que? O que foi? – só então ele olhou para o meu rosto.
_ Icaro, você é virgem!
_ Claro que não sou!
_ Ah, qual é!? Então por que tá tão nervoso assim?
_ Porque... porque você é minha prima, ué.
_ Então fala a verdade pra mim. Eu conheço um virgem quando vejo um. Você é, não é?
_ Tá, tá legal, eu sou...
_ E quantos anos você tem mesmo?
_ Quinze
_ Haha! Tá na hora de perder isso aí, heim.
_ Eu sei tá legal... é só que... – e ele voltou a olhar para os meus seios como uma criança que olha para um doce, e a boca enche d’água.
_ Vem cá.
_ O quê? – ele voltou a olhar para mim, assustado.
_ Anda, vem cá. Pode tocar neles se quiser.
_ Err... Júlia... olha...
_ Qual é o problema? – comecei a me acariciar passando o dedo pelo mamilo molhado enquanto a outra mão descia pela barriga. – Você vai só tocar neles.
_ Tá, tá legal...

E ele veio até mim, como uma criancinha com medo de experimentar algo desconhecido, mas mesmo assim com desejo nos olhos. Estendeu a mão e tocou de leve meu mamilo, ainda receoso. Eu lhe puxei pela camisa para entrar em baixo do chuveiro junto comigo. Fui guiando suas mãos frias pelo nervosismo pelo meu corpo. Seios, barriga, bunda. Até que percebi que suas mãos já estavam quentes e ele explorava meu corpo sozinho. Então usei as minhas mãos para tirar sua camisa molhada e abrir o velcro da sua bermuda, que por pouco não se abriu sozinho, para então puxar ele para mais perto de mim e beijar a sua boca rosada.
Ali encontrei o homem que procurava. Naquela boca que ansiava pela minha e pelas outras partes do meu corpo também. Enquanto o beijava, meti a minha mão dentro da sua cueca para acariciar o seu pênis, que enrijeceu ainda mais. Então ele criou coragem e começou a acariciar a minha vagina também. Ficamos nos beijando sob a água e trocando carícias até que ele me encostou na parede e fechou o Box. Levantou minha perna com uma mão de modo que nos encaixamos encostados ali, e com a outra acariciava meus seios enquanto me beijava. Então sua boca foi descendo até que encontrou meu seio e fez o que uma criança sabe fazer. Vez ou outra olhava para mim, e eu o encorajava incitando-o ainda mais. Continuou descendo até chegar a beijar minha barriga e foi descendo mais até que parou no meu ventre.

_ Posso... posso chupar você?
_ Já fez isso antes?
_ Não, nunca.
_ Então fique a vontade – ri e ele riu de volta.

Ele se ajoelhou e colocou uma perna minha sobre o seu ombro, acariciou minha vagina com a sua mão, sem saber ao certo onde acariciar. Segurei a sua mãe e a guiei até o clitóris.

_Aqui, bem aqui.
_Tá – assentiu.

Comecei a gemer quando ele me tocou no lugar certo, e gemi mais alto quando senti sua língua quente me chupar e passear pela minha vagina. Tive que me segurar e me equilibrar quando cheguei ao primeiro clímax. Então ele foi subindo com beijos até chegar à minha boca e me fazereu sentir o meu gosto.

_ Sério, nunca fez isso?
_ Nunca. – disse sorrindo
_ Agora quero que você meta em mim. Acho que você consegue me segurar, não consegue? – falei passando a mão pelo seu corpo.
_ Consigo.
_ Então tá.

Levantei primeiro uma perna e disse para que ele metesse em mim, e assim ele o fez. Depois levantei a outra perna e ele conseguiu me segurar. Passei minhas pernas pela sua cintura, os braços ao redor do seu pescoço e beijei sua boa molhada.
Estávamos ambos ofegantes agora. Eu mordia seu ombro e acariciava seus braços fortes, e ele ia metendo em mim cada vez mais, enquanto passava uma mão pela minha bunda e mantinha seu rosto enterrado no meu pescoço vez ou outra me beijando.
Então ele passou a investir em estocadas mais fortes e rápidas e minhas pernas começaram a se afrouxar ao redor da sua cintura.

_ Segura em mim. Droga, Ju. Se segura em mim! – dizia ele no meio dos meus altos gemidos.

Forcei a me segurar nele novamente, até que não consegui me conter mais e gozei novamente, chegando ao clímax novamente. Percebi que ele também tinha gozado quando começou a me soltar lentamente no chão e respirava fundo.
Ele se apoiou de cabeça baixa na parede me prendendo entre seus braços e eu o abracei pela cintura. Ele encontrou o meu rosto e me beijou pela ultima vez com um beijo suave de amante sedutor. Agora ele era um homem completo.

_ Não foi tão mal para um virgem.
_ Posso dizer que tive uma boa professora – disse sorrindo – Esse é o nosso segredo, não é?
_ É. – assenti
_ Quantos anos você tem, Ju?
_ Dezoito.
_ E é virgem?
_ Com certeza não – eu disse rindo e enfiando minha cara no seu ombro.

Larissa Baker. Ilustração: Tawnee Stone no banheiro.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

SEU MAIA



























No mês em que completou oitenta anos de idade, seu Maia deu-se ao luxo de um presente todo especial: morrer como sempre sonhou, com o pau fincado dentro de uma vagina jovem e carnuda. Dessa vez não arregaria para nenhum de seus desejos mais obscenos; tampouco se deixaria vencer pela moral e bons costumes que sempre o acompanharam ao longo de toda sua vida. Para tanto, tomou uma dose cavalar de viagra, vestiu a melhor roupa, calçou o melhor sapato, deitou no corpo o melhor perfume, e antes mesmo de partir, cantarolou para sua própria alma – dançando frente ao espelho – a valsa imaginária dos anciões.
Atravessou a cidade rumo ao baixo meretrício, desembocando na Praça da Matriz. Era um sábado de aleluia e os puteiros em contrito acolhiam desde cedo os pecados humanos dos que buscavam o seu calor e a sua morte. Os sinos, em vão, badalavam com fome de reza. Ele subiu os degraus do lupanar e ajeitou-se por ali como uma coruja velha. Foi lhe servido sim, uma cerveja, enquanto seus olhos perscrutavam todo o ambiente. Não tardou e ele grudou o olhar numa pequena de cor morena, que amuadinha, esgueirava-se por ali. Jovem e bem apanhada, seu Maia logo se engraçou dela convidando-lhe à mesa:
“Sentas aqui, meu coração e pedes o que quiseres.” Não botou muita fé, não, caçoando dele. Mas com a insistência do velho e a solidão das primeiras horas, acabou arriscando, ademais, estava necessitada de grana, de modo que aceitara o convite na esperança que o ancião aliviasse o aperreio.
“Maia, seu criado. Vossa graça?”
“Etelvina.” Apresentaram-se. Mandou ver cervejas, cigarros, tira-gostos, e até uma rosa vermelha artificial que deu a ela arrancando de seu rosto a máscara emburrada que havia. Não obstante a idade, Seu Maia tinha a pressa dos jovens e o galanteio da velhice, pousando suas mãos grandes e rugosas sobre as mãozinhas pequenas e mornas de Etelvina, que não reagiu. “Ao menos na velhice tem-se o direito da escolha”, pensou esta frase quando mais tarde viu-se rodeado de outras putinhas, que atraídas pela festa o cercaram de paparicos parecendo besourinhos em volta da lâmpada. Elas também queriam sua atenção, mas seu coração já pertencia àquela pequena. Pouco antes das dez, Etelvina sugeriu o Millennium porque era barato e limpinho. Ele nem pestanejou. Havia chegado a sua hora. Pagou as despesas e desceram as escadas. Saiu radiante para a rua lá fora. Sentiu o frescor da noite e o perfume livre e barato das vielas prostitutas. Uma lua acabrunhada tombava por trás dos armazéns do velho cais. De algum boteco indigente, parecia ouvir um bolero malogrado rogando-lhe à alma, um último apelo. Apelo em vão, pois que seguiu decidido e a contar em silêncio os passos curtos e os minutos da noite que lhe restavam para a eternidade.





Márcio Santana - Crimidéia. Ilustração: Dançarina - Henri de Toulouse Lautrec.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

MÍSEROS 500



























Salete observou a mulher loira e alta, trajando um casaco vermelho sentar diante dela, se apresentando como Tuquinha Vasconcellos. Estendeu-lhe a mão branca de dedos cheios de anéis muito brilhantes.

- Prazer...Salete - se apresentou, retribuindo ao gélido aperto de mão.

- Bem, Celeste... você tem experiência como doméstica?

- Tenho, sim senhora...

- Senhora está no céu, hein? Quantos anos acha que eu tenho?

- Não sei, não senhora...

- Já mandei não me chamar de senhora! Vamos, diga minha idade!

- É... bem... acho que uns quarenta e cinco...

- Que horror!!! eu ainda nem fiz quarenta! Pareço tão acabada assim? quantos anos você tem? 20?

- Vinte e dois, senhora.

- Afe... vamos mudar de assunto. Você sabe cozinhar, lavar, passar?

- Sim, faço isso desde os nove anos.

- Possui referências? Isso é muito importante, Celeste.

- Sim, senhora. Aqui está a carta assinada pela minha ex-patroa. Saí do emprego porque o marido deixou dela e aí a coitadinha não teve condições de continuar me pagando.

- Ora, ora... chegamos aonde eu queria... Por que o marido dela a abandonou?

- Acho que arrumou outra mulher na rua, não sei bem.

- Sabe, Celeste... eu tenho uma teoria de que... se o homem estiver satisfeito com o que tem dentro de casa, não vai procurar fora. Concorda?

- Dizem que sim, Dona Tuquinha.

- Pois então... estou disposta a oferecer uma quantia razoável "por fora" para que você satisfaça meu marido alguns dias na semana. O que você acha?

- Eu não sou dessas, Dona.

- Ora... menina. Deixa de ser boba. Olha, é 500 reais a mais, hein?

- 500?

- Sim. E ele já tem uma certa idade, não vai te procurar toda hora.

- Não sei... mas por que a senhora quer atirar seu marido nos braços de outra? Eu, hein! rico tem cada uma...

- Afe... você não é "OUTRA", se enxerga! Você uma serviçal. Meu marido nunca abandonaria o lar por causa de uma serviçal. Menina, você precisa alcançar o meu nivel de raciocínio.

- Está bem, eu aceito, Dona Tuquinha. Pelos 500.

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Em menos de um ano, Salete e o ex-patrão (agora noivo) curtiam férias nas Bahamas. sempre ria com desdém, quando lembrava dos míseros 500.



Ükma. Ilustração: Mário Alberto.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

BARBARA





















_Você não é a primeira moradora a reclamar da casa _disse a velha arrumadeira com seus olhos de pálpebras cansadas. _Desde a morte de Elizabeth, em 1931, que todos os que se aventruram a morar nela tiveram de se defrontar com Barbara.
_Barbara?!... _surpreendeu-se Helen.
_Sim. Este é o nome da menina que você tem visto e não me surpreende que esteja perturbada.
_Quem é, ou quem foi esta menina?
_Barbara apareceu naquela casa pela primeira vez em 1884, junto com Eleanor, sua mãe. Eleonor fora prostituta e o senhor Morgan, meu ex-patrão, tivera um caso amoroso com ela durante vários anos, segundo a própria Eleanor contava, desde 1875. Barbara nasceu um ano depois e ele a registrou em seu nome, embora ninguém tenha sabido disso antes daquele Natal.
_Natal?
_Sim, foi na véspera de Natal que Eleanor apareceu na casa, debaixo de um nevoeiro, trazendo a pequena Bárbara pela mão. Joseph veio me avisar que havia uma mulher querendo falar com o patrão. Todos nós notamos a surpresa nos olhos dele quando ele a viu com a menina. Dona Isabel ficou muito chocada, não dava nem para ele disfarçar a situação, estava tudo muito claro.
_Eles eram casados há muito tempo?
_Desde 1871, o que deixa claro que ele era um adúltero. Eleanor não era nenhum caso anterior ao casamento.
_E o que ele fez naquele momento?
_Ele conversou com Eleanor á sós. Ela estava passando por necessidades. Ela saiu dali com a menina uma hora depois, tempo suficiente para deflagrar uma guerra. Dona Isabel fez um grande escândalo e chegou mesmo a chamar o Sr. Morgan de coisas que não devo repetir.
_O que aconteceu a parti daí?
_Eleanor e Barbara apareciam esporadicamente, para pedir ajuda financeira. Toda vez que isso acontecia, a casa praticamente se incendiava.
_Até quando esta situação durou?
_Até dona Isabel tomar veneno em 1887. Foi um choque para todos, sobretudo para os filhos. Elizabeth foi quem ficou mais revoltada. Ela odiava Eleanor e, principalmente, Barbara.
_Meu Deus!...
_Mas as coisas ficaram muito piores. Um ano depois, o Sr. Morgan casou-se formalmente com Eleanor e a levou para morar com ele.
_Então você chegou a conviver com Eleanor!...
_Sim. Ela era uma pessoa muito doce e frágil. Já estava doente quando chegou na casa, ela tivera complicações no parto de Barbara que não foram bem tratadas, estava com câncer uterino.
_Oh, Deus!...
_Eleanor ainda conseguia conter um pouco o espírito mal de Barbara, mas sua influência acabou em dezembro de 1888, quando ela morreu. Barbara sempre foi uma criatura de espírito ruim. Era má, ordinária e mentirosa.
_Influência do abandono do pai...
_Não. Ele a visitava várias por ano, desde que nascera. Ele sempre inventava uma viagem para Manchester, onde Eleanor vivia. Foi própria Eleanor quem revelou para mim o verdadeiro motivo de suas viagens de negócios. Barbara era muito apegada a ele. Ao meu ver sordidamente apegada, seu carinho era incestuoso.
_Oh!...
_Barbara era linda, como sua mãe, mas não tinha a bondade dessa, ao contrário. Eleanor parecia mesmo um anjo com aqueles cabelos loiros ondulados, seu tipo elegante e seus grande e meigos olhos azuis. Barbara parecia muito com ela, mas numa versão ruiva e má. Quando alcançou 12 anos, tornou-se uma víbora sedutora. Tinha um corpo voluptuoso e costumava andar com camisolas tranparentes pela casa.
_E vocês permitíam isso?!...
_Ninguém permitia nada, Barbara fazia de provocação. Quanto mais você brigava ou se opunha, mais ela provocava. Fazia pior, era capaz de aparecer nua em sua frente.
_Meu Deus!... Lembro de tê-la visto nua uma vez...
_Não se surpreenda com isso, Barbara é capaz de tudo. Ela foi pega várias vezes com os empregados. O coxeiro, o jardineiro e até mesmo com Albert, filho mais velho de Sr. Morgan. Ela os seduzia e os conduzia como se os hipnotizasse.
_O Sr. Morgan não tomava providências?!...
_Não adiantava ele relhar ou bater nela, isso a estimulava a fazer pior. Ela colocava ao meio caminho dos homens, semi-nua, às vezes mesmo completamente nua.
_Oh!...
_Elizabeth brigava demais com ela, várias vezes as apartei, pois podíam matar-se. O que aliás, acabou acontecendo...
_Como assim?...
_Barbara morreu em uma briga com Elizabeth. Elas se engalfinharam no corredor e Elizabeth a empurrou escada abaixo. Ainda tive o horror de ver Barbara caída, de olhos abertos e o pescoço torcido para o lado, como uma boneca quebrada. Isso aconteceu nos últimos dias de novembro de 1890.
_Então foi desta forma que ela morreu!
_Sim e nos deixou em paz por um ano. Até que resolveu reaparecer por volta do Natal de 1891. ouvimos uma gargalhada e o baraulho de um castiçal caíndo. Fomos eu, Loraine, filha mais nova de Sr. Morgan e Juliet, a copeira ver o que era aquilo. O pior é que reconhecemos a risada de Barbara, na hora! Nos surpreendemos ao ver a porta do quarto dela escancarada, pois o senhor Morgan o havia trancado e ficado com a chave depoisque ela morreu. A encontramos sentada na janela, estava de pernas abertas, com o vestido com que havia sido enterrada cobrindo-lhe as partes íntimas, os seios à mostra. Ela já apresentava a feição pálida e o sorriso malévolo que eu sei que você já viu.
_Meu Deus... Nem me recorde...
_Gritei para ela: Vá embora! Vá embora! e Ela desapareceu diante de nossos olhos.
_Ai... isso me arrepia...
_Ela adorava aparecer de surpresa. Sempre semi-nua, ou nua. Fiquei horrorizada quando ela apareceu em meio a uma recepção que o Sr. Morgan fizera a um sócio e sua família. As meninas e até a esposa de Sr. Wood, gritaram quando a viram, pálida e licenciosa, nadando nua na pequena piscina do chafariz.
_Eu já a vi banhando-se lá.
_Ela costumava fazer isso quando estava viva.
_Ela aparecia sempre?
_Pelos menos uma vez por dia. Aturamos sua presença malévola até 1900, quando Sr. Morgan adoeceu. Ele tornou-se alcoólatra depois da morte de Eleanor. Veio falacer em 1907, de cirrose. Ele simplesmente desistiu de viver. De 1900 a 1907, só vi Barbara duas vezes. Numa delas, ela chorava no corredor. Na outra pouco antes de o senhor Morgan morrer, ele estava empoleirada sobre a cabeceira da cama dele, olhando-o com um rosto triste, mas horrível, enquanto ele agonivaza. No dia em que ele morreu, ouvimos um grito horrível e todas as portas e janelas da cas bateram ao mesmo tempo.
_Aaaahhh!... perdão...
_Não tem do que se desculpar, eu também gritei. A partir daí, só Elizabeth permaneceu na casa, Albert e Loraine haviam casado. Eu fiquei com Elizabeth e vi o início de sua loucura, só ela passou a ver Barbara a partir daí. Ela ainda casou-se com o Sr. Curtis, mas o casamento acabou quando ele foi para o front na Pirmiera Guerra.
_Ele morreu?
_Não, a guerra acabou e ele mandou uma carta para ela dizendo que a estava abandonando. Li um trecho da carta, ele a chamava de louca e disse que achou melhor passar quatro anos no front do que ao lado dela.
_Meu Deus!...
_Como ela não podia mais me pagar, eu saí da casa. Ela ainda morou alí até 1921, quando foi internada. A casa foi fechada e ninguém morou nela até ela morrer em 1931. foi quando a puseram á venda pela prmeira vez.
_Quem a comprou?
_Um banqueiro, que deu um tiro na cabeça três meses depois. Não me pergunte porque ele fez isso, nós sabemos porque foi.
_...
_Muitas pessoas moraram na casa até 1939. Todas saíam alegando ter visto a menina diabólica, ou prostituta do inferno como passaram a chamar Barbara. Durante a guerra a casa ficou abandonada e não sei como não foi atiginda pelas bombas alemães.
_Que coisa...
_Ela voltou a ser habitada a partir de 1948, mas novamente as queixas recomeçaram. Houve mais dois suicídios lá dentro e um assassinato.
_Meu Deus!
_Sim, um marido enlouquecido por Barbara matou sua esposa.
_Oh!
_Muitas criadas que passaram por lá disseram ficar perturbadas com as aparições dela. Uma das pessoas que se suicidaram na casa foi uma criada. Segundo contam suas ex-colegas, ela fora seduzida por Barbara e não mais escondia seu desejo por ela. Atirou-se de uma sacada.
_...
_A última pessoa que habitou a casa, saiu de lá em 1955, trinta anos antes de você ir para lá.
_Sim, eu sei disso.
_Esta casa ficou desabitada por trinta anos, com Barbara imperando lá dentro. Quer um conselho, saia de lá! Não sei como tem agüentado três anos. Acho que é porque não tem filhos. Saia de lá, antes que ela faça algo contra você.
_Meu marido não quer sair, disse que estou vendo coisas, até comecei a ir em um psicólogo.
_Saia de lá! Ou quer continuar a vê-la em seu espelho?
_Como sabe que ela apareceu no reflexo do espelho?
_Acha que não conheço as artimanhas de Barbara? Saia de lá, senhorita Helen, antes que ela resolva matá-la.
_Matar-me!
_Sim. Uma vez, em 1893, ela tentou me estrangular enquanto eu dormia. Senti suas mão geladas sobre meu pescoço. Quase morri sufocada, mas consegui gritar e Sr. Morgan veio em meu socorro. Acredite menina, se Barbara não lhe seduz, ela lhe mata. Saia de lá o quanto antes!


Marcelo Farias - Estórias de Vovô Celestino. Ilustração: Amor e Dor - Edvard Munch

domingo, 21 de dezembro de 2008

DEZEMBRINO






















Dezembrino, faz tempo, vinha rolando aquela idéia feito porronca. Desempregado que era, tinha tempo de andar por aí. Em casa, Saturnia espera puta da vida. Puta mesmo, sugestão do Dezembrino: “como conseguir uns trocos?” na vida, ora porra! No começo não, mas agora, Saturnia até sentia um certo prazer. O que obrigava o marido a sair de casa. Não dava para ficar atrás da cortina e fingir que não ouvia. Era o primeiro chegar e ele abria de casa. E Saturnia, no dia-a-dia, no vamo que vamo, começou a sugerir, exigir, impor coisas que mulher certa não faz. Era um negócio de beijar, pedir mais e até ficar por cima.
Hoje é o dia do Rogério da Balsa. O cliente mais abonado e, coincidentemente o ultimo patrão de Dezembrino. O da Balsa vinha toda quinta as cinco da manhã, e antes de começar o vai-e-vem do Rio Negro, fazia um vai-e-vem na mulher do Dezembrino. Hoje é o dia do Rogério da Balsa.
Dezembrino não podia mais enrolar aquela idéia. Hoje tira o pé da merda ou se lasca de vez. Era só abordar o macho na hora e pegar a grana. Escondeu-se debaixo do barraco e esperou. O da Balsa chegou batendo os pés para limpar as botas. O barro caindo na cabeça do Dezembrino.
Entre Rogério e Saturnia, nem bom dia. Direto pra cama coisas e fazer barulho. O homem debaixo da casa esperando. “Vixe, que é agora!” Sorrateiramente, pega a peixeira e vai pro quarto. O lençol sobe e desce no compasso do coração ferido do Dezembrino. Mira na nuca e enterra firme: “Uh!!” levanta o lençol e o Rogério o encara. Saturnia se debate aperriada e o sangue esguicha.
– Porra, mulher!! Não falei que esse negócio de mulher por cima é coisa de vagabunda, porra!!”


Artur Farrapo.