quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

MÍSEROS 500



























Salete observou a mulher loira e alta, trajando um casaco vermelho sentar diante dela, se apresentando como Tuquinha Vasconcellos. Estendeu-lhe a mão branca de dedos cheios de anéis muito brilhantes.

- Prazer...Salete - se apresentou, retribuindo ao gélido aperto de mão.

- Bem, Celeste... você tem experiência como doméstica?

- Tenho, sim senhora...

- Senhora está no céu, hein? Quantos anos acha que eu tenho?

- Não sei, não senhora...

- Já mandei não me chamar de senhora! Vamos, diga minha idade!

- É... bem... acho que uns quarenta e cinco...

- Que horror!!! eu ainda nem fiz quarenta! Pareço tão acabada assim? quantos anos você tem? 20?

- Vinte e dois, senhora.

- Afe... vamos mudar de assunto. Você sabe cozinhar, lavar, passar?

- Sim, faço isso desde os nove anos.

- Possui referências? Isso é muito importante, Celeste.

- Sim, senhora. Aqui está a carta assinada pela minha ex-patroa. Saí do emprego porque o marido deixou dela e aí a coitadinha não teve condições de continuar me pagando.

- Ora, ora... chegamos aonde eu queria... Por que o marido dela a abandonou?

- Acho que arrumou outra mulher na rua, não sei bem.

- Sabe, Celeste... eu tenho uma teoria de que... se o homem estiver satisfeito com o que tem dentro de casa, não vai procurar fora. Concorda?

- Dizem que sim, Dona Tuquinha.

- Pois então... estou disposta a oferecer uma quantia razoável "por fora" para que você satisfaça meu marido alguns dias na semana. O que você acha?

- Eu não sou dessas, Dona.

- Ora... menina. Deixa de ser boba. Olha, é 500 reais a mais, hein?

- 500?

- Sim. E ele já tem uma certa idade, não vai te procurar toda hora.

- Não sei... mas por que a senhora quer atirar seu marido nos braços de outra? Eu, hein! rico tem cada uma...

- Afe... você não é "OUTRA", se enxerga! Você uma serviçal. Meu marido nunca abandonaria o lar por causa de uma serviçal. Menina, você precisa alcançar o meu nivel de raciocínio.

- Está bem, eu aceito, Dona Tuquinha. Pelos 500.

......................................................

Em menos de um ano, Salete e o ex-patrão (agora noivo) curtiam férias nas Bahamas. sempre ria com desdém, quando lembrava dos míseros 500.



Ükma. Ilustração: Mário Alberto.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

BARBARA





















_Você não é a primeira moradora a reclamar da casa _disse a velha arrumadeira com seus olhos de pálpebras cansadas. _Desde a morte de Elizabeth, em 1931, que todos os que se aventruram a morar nela tiveram de se defrontar com Barbara.
_Barbara?!... _surpreendeu-se Helen.
_Sim. Este é o nome da menina que você tem visto e não me surpreende que esteja perturbada.
_Quem é, ou quem foi esta menina?
_Barbara apareceu naquela casa pela primeira vez em 1884, junto com Eleanor, sua mãe. Eleonor fora prostituta e o senhor Morgan, meu ex-patrão, tivera um caso amoroso com ela durante vários anos, segundo a própria Eleanor contava, desde 1875. Barbara nasceu um ano depois e ele a registrou em seu nome, embora ninguém tenha sabido disso antes daquele Natal.
_Natal?
_Sim, foi na véspera de Natal que Eleanor apareceu na casa, debaixo de um nevoeiro, trazendo a pequena Bárbara pela mão. Joseph veio me avisar que havia uma mulher querendo falar com o patrão. Todos nós notamos a surpresa nos olhos dele quando ele a viu com a menina. Dona Isabel ficou muito chocada, não dava nem para ele disfarçar a situação, estava tudo muito claro.
_Eles eram casados há muito tempo?
_Desde 1871, o que deixa claro que ele era um adúltero. Eleanor não era nenhum caso anterior ao casamento.
_E o que ele fez naquele momento?
_Ele conversou com Eleanor á sós. Ela estava passando por necessidades. Ela saiu dali com a menina uma hora depois, tempo suficiente para deflagrar uma guerra. Dona Isabel fez um grande escândalo e chegou mesmo a chamar o Sr. Morgan de coisas que não devo repetir.
_O que aconteceu a parti daí?
_Eleanor e Barbara apareciam esporadicamente, para pedir ajuda financeira. Toda vez que isso acontecia, a casa praticamente se incendiava.
_Até quando esta situação durou?
_Até dona Isabel tomar veneno em 1887. Foi um choque para todos, sobretudo para os filhos. Elizabeth foi quem ficou mais revoltada. Ela odiava Eleanor e, principalmente, Barbara.
_Meu Deus!...
_Mas as coisas ficaram muito piores. Um ano depois, o Sr. Morgan casou-se formalmente com Eleanor e a levou para morar com ele.
_Então você chegou a conviver com Eleanor!...
_Sim. Ela era uma pessoa muito doce e frágil. Já estava doente quando chegou na casa, ela tivera complicações no parto de Barbara que não foram bem tratadas, estava com câncer uterino.
_Oh, Deus!...
_Eleanor ainda conseguia conter um pouco o espírito mal de Barbara, mas sua influência acabou em dezembro de 1888, quando ela morreu. Barbara sempre foi uma criatura de espírito ruim. Era má, ordinária e mentirosa.
_Influência do abandono do pai...
_Não. Ele a visitava várias por ano, desde que nascera. Ele sempre inventava uma viagem para Manchester, onde Eleanor vivia. Foi própria Eleanor quem revelou para mim o verdadeiro motivo de suas viagens de negócios. Barbara era muito apegada a ele. Ao meu ver sordidamente apegada, seu carinho era incestuoso.
_Oh!...
_Barbara era linda, como sua mãe, mas não tinha a bondade dessa, ao contrário. Eleanor parecia mesmo um anjo com aqueles cabelos loiros ondulados, seu tipo elegante e seus grande e meigos olhos azuis. Barbara parecia muito com ela, mas numa versão ruiva e má. Quando alcançou 12 anos, tornou-se uma víbora sedutora. Tinha um corpo voluptuoso e costumava andar com camisolas tranparentes pela casa.
_E vocês permitíam isso?!...
_Ninguém permitia nada, Barbara fazia de provocação. Quanto mais você brigava ou se opunha, mais ela provocava. Fazia pior, era capaz de aparecer nua em sua frente.
_Meu Deus!... Lembro de tê-la visto nua uma vez...
_Não se surpreenda com isso, Barbara é capaz de tudo. Ela foi pega várias vezes com os empregados. O coxeiro, o jardineiro e até mesmo com Albert, filho mais velho de Sr. Morgan. Ela os seduzia e os conduzia como se os hipnotizasse.
_O Sr. Morgan não tomava providências?!...
_Não adiantava ele relhar ou bater nela, isso a estimulava a fazer pior. Ela colocava ao meio caminho dos homens, semi-nua, às vezes mesmo completamente nua.
_Oh!...
_Elizabeth brigava demais com ela, várias vezes as apartei, pois podíam matar-se. O que aliás, acabou acontecendo...
_Como assim?...
_Barbara morreu em uma briga com Elizabeth. Elas se engalfinharam no corredor e Elizabeth a empurrou escada abaixo. Ainda tive o horror de ver Barbara caída, de olhos abertos e o pescoço torcido para o lado, como uma boneca quebrada. Isso aconteceu nos últimos dias de novembro de 1890.
_Então foi desta forma que ela morreu!
_Sim e nos deixou em paz por um ano. Até que resolveu reaparecer por volta do Natal de 1891. ouvimos uma gargalhada e o baraulho de um castiçal caíndo. Fomos eu, Loraine, filha mais nova de Sr. Morgan e Juliet, a copeira ver o que era aquilo. O pior é que reconhecemos a risada de Barbara, na hora! Nos surpreendemos ao ver a porta do quarto dela escancarada, pois o senhor Morgan o havia trancado e ficado com a chave depoisque ela morreu. A encontramos sentada na janela, estava de pernas abertas, com o vestido com que havia sido enterrada cobrindo-lhe as partes íntimas, os seios à mostra. Ela já apresentava a feição pálida e o sorriso malévolo que eu sei que você já viu.
_Meu Deus... Nem me recorde...
_Gritei para ela: Vá embora! Vá embora! e Ela desapareceu diante de nossos olhos.
_Ai... isso me arrepia...
_Ela adorava aparecer de surpresa. Sempre semi-nua, ou nua. Fiquei horrorizada quando ela apareceu em meio a uma recepção que o Sr. Morgan fizera a um sócio e sua família. As meninas e até a esposa de Sr. Wood, gritaram quando a viram, pálida e licenciosa, nadando nua na pequena piscina do chafariz.
_Eu já a vi banhando-se lá.
_Ela costumava fazer isso quando estava viva.
_Ela aparecia sempre?
_Pelos menos uma vez por dia. Aturamos sua presença malévola até 1900, quando Sr. Morgan adoeceu. Ele tornou-se alcoólatra depois da morte de Eleanor. Veio falacer em 1907, de cirrose. Ele simplesmente desistiu de viver. De 1900 a 1907, só vi Barbara duas vezes. Numa delas, ela chorava no corredor. Na outra pouco antes de o senhor Morgan morrer, ele estava empoleirada sobre a cabeceira da cama dele, olhando-o com um rosto triste, mas horrível, enquanto ele agonivaza. No dia em que ele morreu, ouvimos um grito horrível e todas as portas e janelas da cas bateram ao mesmo tempo.
_Aaaahhh!... perdão...
_Não tem do que se desculpar, eu também gritei. A partir daí, só Elizabeth permaneceu na casa, Albert e Loraine haviam casado. Eu fiquei com Elizabeth e vi o início de sua loucura, só ela passou a ver Barbara a partir daí. Ela ainda casou-se com o Sr. Curtis, mas o casamento acabou quando ele foi para o front na Pirmiera Guerra.
_Ele morreu?
_Não, a guerra acabou e ele mandou uma carta para ela dizendo que a estava abandonando. Li um trecho da carta, ele a chamava de louca e disse que achou melhor passar quatro anos no front do que ao lado dela.
_Meu Deus!...
_Como ela não podia mais me pagar, eu saí da casa. Ela ainda morou alí até 1921, quando foi internada. A casa foi fechada e ninguém morou nela até ela morrer em 1931. foi quando a puseram á venda pela prmeira vez.
_Quem a comprou?
_Um banqueiro, que deu um tiro na cabeça três meses depois. Não me pergunte porque ele fez isso, nós sabemos porque foi.
_...
_Muitas pessoas moraram na casa até 1939. Todas saíam alegando ter visto a menina diabólica, ou prostituta do inferno como passaram a chamar Barbara. Durante a guerra a casa ficou abandonada e não sei como não foi atiginda pelas bombas alemães.
_Que coisa...
_Ela voltou a ser habitada a partir de 1948, mas novamente as queixas recomeçaram. Houve mais dois suicídios lá dentro e um assassinato.
_Meu Deus!
_Sim, um marido enlouquecido por Barbara matou sua esposa.
_Oh!
_Muitas criadas que passaram por lá disseram ficar perturbadas com as aparições dela. Uma das pessoas que se suicidaram na casa foi uma criada. Segundo contam suas ex-colegas, ela fora seduzida por Barbara e não mais escondia seu desejo por ela. Atirou-se de uma sacada.
_...
_A última pessoa que habitou a casa, saiu de lá em 1955, trinta anos antes de você ir para lá.
_Sim, eu sei disso.
_Esta casa ficou desabitada por trinta anos, com Barbara imperando lá dentro. Quer um conselho, saia de lá! Não sei como tem agüentado três anos. Acho que é porque não tem filhos. Saia de lá, antes que ela faça algo contra você.
_Meu marido não quer sair, disse que estou vendo coisas, até comecei a ir em um psicólogo.
_Saia de lá! Ou quer continuar a vê-la em seu espelho?
_Como sabe que ela apareceu no reflexo do espelho?
_Acha que não conheço as artimanhas de Barbara? Saia de lá, senhorita Helen, antes que ela resolva matá-la.
_Matar-me!
_Sim. Uma vez, em 1893, ela tentou me estrangular enquanto eu dormia. Senti suas mão geladas sobre meu pescoço. Quase morri sufocada, mas consegui gritar e Sr. Morgan veio em meu socorro. Acredite menina, se Barbara não lhe seduz, ela lhe mata. Saia de lá o quanto antes!


Marcelo Farias - Estórias de Vovô Celestino. Ilustração: Amor e Dor - Edvard Munch

domingo, 21 de dezembro de 2008

DEZEMBRINO






















Dezembrino, faz tempo, vinha rolando aquela idéia feito porronca. Desempregado que era, tinha tempo de andar por aí. Em casa, Saturnia espera puta da vida. Puta mesmo, sugestão do Dezembrino: “como conseguir uns trocos?” na vida, ora porra! No começo não, mas agora, Saturnia até sentia um certo prazer. O que obrigava o marido a sair de casa. Não dava para ficar atrás da cortina e fingir que não ouvia. Era o primeiro chegar e ele abria de casa. E Saturnia, no dia-a-dia, no vamo que vamo, começou a sugerir, exigir, impor coisas que mulher certa não faz. Era um negócio de beijar, pedir mais e até ficar por cima.
Hoje é o dia do Rogério da Balsa. O cliente mais abonado e, coincidentemente o ultimo patrão de Dezembrino. O da Balsa vinha toda quinta as cinco da manhã, e antes de começar o vai-e-vem do Rio Negro, fazia um vai-e-vem na mulher do Dezembrino. Hoje é o dia do Rogério da Balsa.
Dezembrino não podia mais enrolar aquela idéia. Hoje tira o pé da merda ou se lasca de vez. Era só abordar o macho na hora e pegar a grana. Escondeu-se debaixo do barraco e esperou. O da Balsa chegou batendo os pés para limpar as botas. O barro caindo na cabeça do Dezembrino.
Entre Rogério e Saturnia, nem bom dia. Direto pra cama coisas e fazer barulho. O homem debaixo da casa esperando. “Vixe, que é agora!” Sorrateiramente, pega a peixeira e vai pro quarto. O lençol sobe e desce no compasso do coração ferido do Dezembrino. Mira na nuca e enterra firme: “Uh!!” levanta o lençol e o Rogério o encara. Saturnia se debate aperriada e o sangue esguicha.
– Porra, mulher!! Não falei que esse negócio de mulher por cima é coisa de vagabunda, porra!!”


Artur Farrapo.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A CASA DO VELHO


























Que nojo eu sentia daquele velho purulento das cabeças-de-cogumelo brotando das axilas. Que nojo eu sentia daquele velho do saco vermelho sujo cheio de pirulitos, sacando do bolso puído uma moeda-convite. A criança aceitava ir à casa dele para brincar de ser gente grande com outras crianças, ele nunca participava, apenas observava e mandava. Menina virava piranha e apontava o seu escolhido. Um namorado só por aquele dia, minha prima uma vez, depois de uma dessas festinhas, voltou para a casa chorando se sentindo vagabunda - e era mesmo, eu concordava. Menina esperta ia até lá, botava a moeda no bolso e no máximo permitia beijinhos em locais inocentes sem tirar a calcinha e nunca com as pernas abertas. Os garotos bonitos de olhos azuis sempre conseguiam algo mais. Os não tão bonitos, mas espertos o suficiente para encher os bolsos de pirulitos de uva roubados, também. Como eu disse anteriormente, era uma escolinha de piranha aquele cabaré infantil do velho nojento.



Ükma.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

A PUTA DA BOCA TORTA

























Quando Domiana inteirou onze anos, ainda morava com os pais e mais uma penca, frente ao lixão. A mãe a chamou e a colocou diante de um espelho enfezado, dizendo-lhe:

_Aah, filha!... Se não fosse essa boquinha torta, assim, pra baixo, tão tristinha... Mas quem sabe, né?

Os olhos da menina a mirar o espelho rachado, longe de compreender. Eulálio, imprestável no canto, apenas sorria. Este sim, entendia muito bem. Mas enquanto esse dia não chegava, comeram angú de farinha e foram fuçar no lixão. Acima deles, nuvens pretas de urubus.




Márcio Santana.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

O MOSTEIRO



Era um antigo mosteiro medieval. Suas paredes de pedra, cobertas de musgo e um tanto gastas pelo tempo e pelo clima inclemente. Seus jardins muito bem cuidados, na Primavera davam flores em profusão. Havia também uma horta, um estábulo, um galinheiro, um local para os porcos e algumas vacas leiteiras para suprir as necessidades dos padres e noviços. Na parte de trás do mosteiro, havia uma bela e antiga capela e um enorme pomar.
A capela já não era mais utilizada para as missas e outras ocasiões festivas. Mas era ainda visitada pelos moradores e alguns visitantes que se aventuravam a subir a alta montanha. O vento frio e cortante penetrava nas pequenas celas e outras dependências. O vento nunca parava de soprar. Mesmo no verão, ele era constante.
Pietro era noviço, havia perdido sua família à pouco. Foram todos mortos pelo dono das terras onde moravam. Sem destino e sem mais ninguém, ele decidiu tornar-se padre. Pietro estava acostumado a correr livre pelo campo, com os longos cabelos claros soltos. Adorava a natureza e os animais, adorava ser livre. Quando seus pais foram expulsos das terras onde nascera, seu pai recusara-se a sair e foi morto a sangue frio, assim como sua mãe e seus irmãos mais velhos. O destino havia sido cruel, arrebatara-lhe tudo que tinha e, agora sozinho, precisava se sujeitar à clausura do mosteiro. A vida regrada e sem graça que levava o faziam ter ganas de fugir, mas para onde? Melhor ficar abrigado e ter o que comer. Os tempos eram difíceis, ainda mais para um jovem sozinho.
Após terminar seus afazeres diários, que eram muitos, Pietro seguia pelo longo caminho que levava á velha capela e lá passava horas rezando e pensando. Ele amava as paredes antigas o cheiro de mato, o silencio e a paz. Ele era uma das poucas pessoas que se aventuravam na velha capela. Havia rumores que ela era mal assombrada. Mas ele nada temia, era um rapaz corajoso. E nunca havia visto ou ouvido nada estranho no local, nos longos meses que estava isolado no mosteiro e que descobrira a velha capela. Lá era seu mundo, seu refúgio.
E o tempo passava vagaroso, trazendo mais um Verão. Apesar do vento constante no alto da montanha, dentro de sua cela fazia um calor terrível. Pietro se isolava na velha capela cada vez mais e mais. Todos comentavam que ele devia ser louco. Mas o deixavam em paz, devido à grande provação que passara com a perda da família.
Numa tarde, depois das orações, Pietro pegou alguma comida e bebida e muitas velas. Decidira passar a noite na velha capela. Estava muito quente para dormir e se ficasse na cela pequena e abafada, seria capaz de cometer uma loucura. Ao caminhar pelo trajeto escuro, em direção a capela, Pietro pela primeira vez sentiu-se observado, com medo. Como se algo ou alguém estivesse oculto nas sombras que já se formavam no pomar. O sol estava quase totalmente escondido no horizonte, a noite chegara trazendo milhares de estrelas. Pietro sentiu um calafrio subindo-lhe pelas costas. Parou de andar e olhou para trás. Nada. "_Deve ser minha imaginação..." _pensou. Continuou a caminhada até entrar na capela. Lá dentro sentiu-me mais seguro.
_ Que bobo sou, quem poderia estar me seguindo?
Alheio ao mundo exterior, Pietro arrumou as velas, dispondo-as por todo o altar. Foi acendendo uma a uma criando um ambiente mágico e acolhedor. Tirou o pesado hábito e ficou apenas com a fina túnica que usava por baixo das roupas clericais. Estava quente e o cheiro das frutas do pomar chegava ao seu nariz. Seus olhos azuis brilhavam com a luz das velas. Não vestia mais nada por baixo da túnica branca. O tecido fino e transparente deixava ver seu belo corpo.
Sentindo-se cansado, Pietro estendeu o cobertor na beira do altar iluminado e deitou-se, deixando-se levar pela preguiça e languidez. Fechou os olhos ouvindo os barulhos da noite lá fora.
Não sabia quanto tempo havia se passado quando ouviu um ruído diferente, como se fossem passos. Abriu os olhos e viu que havia uma mulher sentada em um dos bancos de madeira, nos fundos da capela. Assustado levantou-se imediatamente e já ia vestir suas roupas quando a estranha, numa rapidez fantasmagórica, estava ao seu lado segurando-lhe os braços.
_ Não vista suas roupas, não irá precisar delas.
_ Quem é você e o que quer de mim?
_ Eu? Eu sou sua vida e sua morte.
_ Como assim? Como entrou aqui? O que pretende fazer? Aqui não é permitida a entrada de mulheres.
A mulher sorriu.
_ Pobre garoto, ainda tão preso a regras.
Os olhos da linda e misteriosa mulher brilharam, vermelhos como chama. Pietro tentou correr, mas seu braço foi agarrado por mãos de aço.
_ Não adianta fugir. Esta noite, sua vida vai mudar. Há tempos estou te observando, e te escolhi para ser meu escravo.
Ele virou-se para olhar a estranha que estava machucando seu braço. Era uma mulher muito bela e forte. Vestia roupas pretas. Tinha longos cabelos negros. Os olhos eram de um verde escuro e penetrante. Ao olhar para aqueles olhos, Pietro sentiu-se preso, irremediavelmente preso. Seu coração batia apressado no peito, sentiu seu corpo reagindo de uma forma que não conhecia. Sentiu um calor subindo desde seus pés descalços, fazendo-o queimar.
A estranha o virou gentilmente e olhando dentro de seus olhos o beijou. Ele nunca havia beijado antes. Ah, como era bom. Sua boca se abriu deixando que ela o explorasse livremente, a língua ávida arrancava suspiros do jovem noviço que se esquecendo de onde estava e até de quem era, retribuía com todo calor de seu corpo. Os desejos desconhecidos tomando conta de seu ser. As mãos dela, de unhas compridas e pontiagudas arranhavam suas costas por cima da túnica, provocando arrepios e deixando seu membro rígido e úmido. Pietro sentiu que seu corpo se colava ao dela que, em oposição ao calor do dele, era gelado.
A estranha o fez se abaixar e se deitar no cobertor estendido em frente ao altar. As velas davam ao ambiente um clima mágico e sedutor. As sombras dançavam nas paredes nuas e antigas. A estranha e bela mulher tirou suas roupas e ficou nua. Ele engoliu em seco, como era linda e perfeita. Ele nunca havia visto uma mulher nua. Ele não protestou quando ela tirou sua túnica, deixando-o também totalmente nu. Nunca havia ficado nu na frente de uma mulher. Sentiu-se envergonhado e tentou cobrir-se.
_ Fique quieto, quero olhar para você.
Pietro sentiu os olhos dela devorarem cada pedacinho de seu corpo. A mão gelada acariciava sua pele, as unhas afiadas gentilmente tocando, arranhando, despertando o vulcão adormecido. Ele não pensou em mais nada, apenas deixou-se levar pelos sentimentos e sensações avassaladoras. Quando a estranha se abaixou, iniciando um passeio molhado com sua língua pelo peito e barriga, ele fechou os olhos e gemeu baixinho. A boca dela foi percorrendo toda a extensão de sua pele, em carinhos ousados e obscenos. Sem resistir, ele entregou-se aquela paixão e aquela boca devoradora. Quando a boca chegou ao sexo rígido e intumescido, Pietro não pode abafar o alto gemido de prazer e com mãos tremulas segurou a cabeça da mulher, exigindo mais e mais, perdendo todos os pudores. E ele gozou, gritando alto. Seus gemidos ecoando na velha capela. As velas iluminando seu corpo suado.
Vendo que ele estava satisfeito, falou:
_ Agora minha doce criança é sua vez de me satisfazer.
Dizendo isso ela deitou-se no cobertor e o obrigou a retribuir os carinhos da mesma forma. E Pietro pela primeira vez sentiu o sabor de uma mulher, sua boca provava os grandes seios. Sua boca se encheu com a carne gelada dela. Ele estava tremendamente excitado, agora que provara os prazeres da carne, não queria mais parar. Sua língua aprendia aos poucos aonde ir e o que fazer.
_ Assim belo rapaz, assim mesmo. Estás aprendendo rápido.
E Pietro continuou a beijar, lamber, sua boca não parava de provocar.
_ Como é seu nome?
_ Katrina.
Pietro sentiu o gosto do sexo da mulher, seus líquidos saiam abundantes enquanto ela gemia baixinho e segurava a cabeça dele no meio de suas pernas longas e bem torneadas.
De repente ela deitou Pietro no cobertor. Seu sexo já estava pronto para ela. Ele sentia-se zonzo e ansioso, nunca havia possuído uma mulher antes. Lentamente Katrina sentou-se em cima dele, fazendo com que seu sexo duro sumisse dentro dela.
Pietro estava enlouquecido de prazer, seus quadris faziam movimentos involuntários penetrando cada vez mais fundo nela. Nem sentia mais a pele gelada. Apenas fechou os olhos e aproveitou o momento. Quando ouviu o grito de prazer dela, Pietro abriu os olhos e foi ai que se iniciou seu tormento. Pietro viu duas presas brancas como neve, que saiam da bela boca de lábios vermelhos. As presas cravaram-se em seu pescoço, ele sentiu que ela sugava seu sangue e ao invés de sentir dor, sentiu um prazer ainda maior do que a pouco sentira. Ela sugou por mais um instante e parou. Pietro já estava quase inconsciente, sangue escorria para o cobertor maculando o tecido.
A bela mulher levantou-se, as velas iluminando a cena bizarra.
_ Agora, vou dar-lhe algo que renovará suas forças.
Katrina abriu então um corte em seu pulso delicado e deixou que o sangue pingasse na boca do jovem noviço. Depois de um tempo, Pietro abriu os olhos e sentiu-se melhor.
_Agora posso dar suas instruções.
_ A partir de agora, Pietro, serás um meio vampiro, ainda vives para o mundo, mas metade de você pertence à escuridão. Poderás andar durante o dia e terás a missão de trazer alimento para mim. Este mosteiro está cheio de padres e noviços e você os atrairá para cá.
_ Ouço e obedeço, mestra.
Um pouco antes do alvorecer, ela levantou-se do chão depois de possuir Pietro mais uma vez, sangue escorria de sua boca. Sua pele agora estava quente e rosada.
_ Você vai ficar bem minha criança. Minha saliva é curativa, ao raiar do sol as marcas irão desaparecer e ninguém saberá o que aconteceu. Você se tornou meu escravo, não poderá fugir disso. Irei voltar todas as noites e quero que você venha a mim trazendo novas presas. Depois de comer terás a mim como recompensa. E além do mais, podemos nos divertir muito com o alimento que me trouxer. Verás que existem muitos prazeres ainda a sentir.
_ Sim, eu virei. Farei tudo como mandar.
Assim que Katrina saiu sorrateira para dentro da escuridão, Pietro já não era mais o mesmo moço, seus olhos tinham um brilho malicioso, cruel. O sangue da vampira tivera o efeito desejado.
Agora era tempo de iniciar o trabalho sujo. E ele iria fazer tudo conforme combinado. Pietro saiu da pequena capela e caminhou de volta ao mosteiro.
Naquela tarde, após o almoço, Pietro iniciou seu projeto sangrento. Ficou imaginando como iria atrair as presas para a capela uma vez que todos tinham medo de ir até lá. A melhor solução seria seduzir os padres e noviços com tendências homossexuais. Pietro era um belo rapaz, com um corpo perfeito e forte. Seria fácil, a maioria dos padres e noviços gostava de certas libertinagens. Ainda mais com a solidão do claustro. E grande parte dos noviços estava ali contra vontade. Ia ser mais fácil do que pensava.
Ainda no refeitório, Pietro começou a escolher a próxima vitima. Escolheu um rapazola franzino que era desprezado pelos outros por sua origem simples e por seus traços feios e corpo magro.
Chegou perto do noviço e falou:
_ Quer passear comigo pelo pomar hoje á tarde? Podemos nos divertir muito.
_ Claro que sim, vou adorar.
O pobre rapaz ficou feliz por alguém ter se importado com ele. Nem percebeu o sorriso cruel no rosto do colega. Na hora marcada, Pietro esperava pelo noviço no caminho que levava ao pomar e á capela. O rapaz chegou meio tímido, mas percebia-se que estava ansioso. Pietro foi caminhando, conversando amenidades. Deixando o rapaz mais á vontade. Não queria que ele saísse correndo e também ninguém poderia vê-los juntos. Tudo tinha que sair de forma perfeita.
_Caminhemos mais depressa, quero mostrar-lhe meu lugar favorito.
Ao chegarem perto da velha capela, o rapaz parou de andar.
_ Nós não vamos entrar ai, vamos? Dizem que é mal assombrada.
_ Deixe de bobagens, eu venho sempre aqui e nada temos que temer. Eu tomarei conta de você.
Os dois entraram na capela. Os últimos raios do sol entravam pelos vitrais ainda inteiros das janelas projetando luzes multicoloridas nas paredes emboloradas. Pietro olhou para trás antes de entrar, certificando-se que ninguém os vira. Tudo limpo. Entrou na capela e se aproximou do rapaz que estava tremulo. "_Que idiota!" _pensou Pietro.
Quando Pietro pegou a mão do noviço e o levou para perto do altar, o rapaz apertou a mão dele, demonstrando que sabia o que iria acontecer.
_ Tire suas roupas, ordenou Pietro.
O rapaz obedeceu prontamente, já acostumado com os padres mais velhos que também exigiam dele pequenos favores especiais. Pietro era forte, bonito e viril. Se soubesse agrada-lo, tinha certeza que muitas portas se abririam para ele no mosteiro. Desnudo, o rapaz esperou pela próxima instrução. Ao ver o corpo nu do rapaz, Pietro sentiu seu membro endurecer prontamente. Levantou as roupas e ordenou:
_ Venha cá e ajoelhe-se em frente a mim. Sugue meu sexo e me de prazer.
O rapaz fez como ordenado e iniciou uma felação morna e molhada. Delicadamente engolindo o membro duro de Pietro, sua língua fazendo carinhos deliciosos. Pietro gemeu e forçou seu membro cada vez mais fundo na boca do rapaz, que o engolia sem vergonha alguma. Seu corpo franzino iluminado pelos últimos raios de sol.
Pietro tirou o membro da boca sedenta e ordenou ao rapaz que ajoelhasse no chão de pedra. Ele prontamente obedeceu e Pietro viu seu pequenino membro, estava duro e brilhante. Sem mais demora Pietro veio por trás do rapaz e enfiou o membro latejante de uma só vez no orifício apertado. O rapaz gemeu e se assustou com a dor repentina, mas logo entrou no clima e nem percebeu que mais alguém observava a cena. Pietro entrava e saia rapidamente, sem se importar se estava ou não machucando o rapaz. Este por sua vez, masturbava-se com uma das mãos e gemia de olhos fechados, enquanto era deflorado por Pietro.
Pietro gozou abundantemente e saiu de dentro do noviço que ainda estava com o pequeno membro duro. Foi quando Pietro viu que Katrina observava tudo com olhos brilhantes.
Ela se aproximou. O franzino rapaz assustou-se e gritou.
_ Não grite, venha até mim.
Katrina usava uma capa negra de veludo. Estava nua embaixo da capa. Seus olhos brilhavam, vermelhos. O jovem rapaz não pode resistir ao apelo daqueles olhos, daquele corpo maravilhoso.
Aproximou-se pensando que iria fazer amor com ela e satisfazer o desejo que fazia seu sexo doer.
Mas, assim que ele se aproximou, Katrina abriu a boca mostrando as presas de marfim. O pobre rapaz não teve tempo nem de pensar no que estava acontecendo, apenas sentiu os dentes perfurando seu pescoço. Katrina sugou até saciar-se, até a ultima gota. Largou o corpo sem vida no chão frio.
_ Venha Pietro, venha até mim.
Pietro obedeceu. Ela abriu um pequeno corte em seu seio direito e ordenou que ele bebesse. Ele bebeu todo o sangue que pingava do corte no seio e sentiu o clímax chegar, manso e devorador.
_ Basta, agora livre-se do corpo. Não quero vestígios. Temos que assegurar nossa refeição diária. Hoje em dia está cada vez mais difícil se alimentar sem criar suspeitas. Sem atrair a atenção de algum caçador de vampiros. Agora me vou, amanhã estarei de volta.
E assim continuou a rotina de terror e prazer de todas as noites. Pietro trazia uma nova presa para Katrina, mas antes se deliciava com os prazeres que suas vitimas podiam proporcionar.
Em breve, todos no mosteiro estavam apavorados com o desaparecimento dos noviços e padres. Ninguém sabia o que estava acontecendo.
Em poucos meses, quase não restavam mais moradores. O terror havia se espalhado para fora das paredes e nenhum visitante se aventurava mais a visitar o mosteiro. Diziam que o mosteiro estava povoado de demônios, que todos iriam morrer. E foi o que aconteceu.
Quando o ultimo morador foi sacrificado, Katrina finalmente disse a Pietro que iria embora para nunca mais voltar. Que precisava achar outra fonte de alimento.
_ Você vai me levar com você?
_ Claro que não. Não preciso mais de seus serviços. Não preciso mais de ti.
Ao perceber que Katrina o estava traindo, Pietro desesperado pediu que ela lhe desse apenas mais uma noite de prazeres e sangue. Ela aquiesceu. Afinal ele tinha sido um bom escravo. Os dois foram para a capela, a pedido de Pietro. As velas iluminavam o ambiente, como na primeira noite.
Katrina tirou as roupas e deitou-se no altar esperando por ele. Ela percebeu que havia algo estranho no olhar dele. Estava duro, gelado. Não era mais o olhar de quem tinha admiração por ela, a subserviência havia desaparecido completamente.
_ Quero que me transforme completamente Katrina, já que vai me abandonar e não tem mais ninguém aqui no mosteiro. Quero ser imortal.
_ Tudo bem Pietro, farei o que deseja.
E os dois fizeram amor pela ultima vez, Pietro a possuiu várias vezes, ele estava cada vez mais insaciável. Estava forte com o sangue que bebia dela todas as noites durante tanto tempo. E depois do sexo, Katrina cortou a veia em seu pescoço. O sangue escorreu pela pele branca. _Venha Pietro, beba meu sangue até tornar-se um de nós.
E ele bebeu. Grudou sua boca no ferimento e bebeu sem parar, engolindo grandes porções do sangue de Katrina. Em sua ânsia de agrada-lo antes de partir, Katrina perdeu a noção da quantidade de sangue que podia dar a ele.
Pietro sabia o que estava fazendo. Dentro dele um grande ódio o corroia. Não admitia que ela o estivesse abandonando depois que fez tudo que ela queria. O sangue de Katrina fluía livremente para dentro de Pietro. Ela ficava cada vez mais fraca e não conseguia lutar. Seus olhos mostravam o espanto e o medo. Sim, medo, ela estava com medo pela primeira vez. Ele a estava matando. Pietro, cada vez mais forte, sugou até que sentiu que ela não poderia mais se levantar sozinha. Largou-a no solo sujo e frio. O dia estava amanhecendo. Essa seria sua vingança final. Pietro saiu da capela rapidamente, mergulhando na escuridão do pomar e sumindo nas brumas. Katrina ficou sozinha, caída no chão. Não podia se mover, pois estava muito fraca.
Viu, com pavor, as primeiras luzes da manhã que entravam pelas janelas da velha capela. Sabia que seria seu fim. Um grito ecoou pelo mosteiro, confundindo-se com o uivo dos lobos lá embaixo na floresta. Quando o primeiro raio de sol tocou em sua pele nua o belo corpo entrou em combustão, queimando completamente, virando cinzas que a brisa da manhã espalhou, confundindo-se com a poeira dos anos.


By Ana Kaya, the vampire

terça-feira, 29 de abril de 2008

MULHER DE REVISTA
























Andressa Soares (Mulher Melancia) - divulgação revista Playboy.


A primeira vez que ela disse para mãe que queria ser "mulher de revista", pegou uma surra de cinturão. Então não tinha consciência da hipocrisia humana. Quando cresceu um pouquinho mais, disse às amigas o quanto queria ser "mulher de revista".
_Tu quer ser puta, é? _zombaram dela.
Nas aulas de catecismo, a professora deixava claro que ser mulher de revista era viver em pecado, contra lei de Deus. Mulheres que levavam essa vida, com certeza, íam para o Inferno. E continuou assim na perseverança e nas aulas de crisma. Na escola, profesores e professoras falavam do problema da prostituição, de como era humilhante as mulheres venderem o corpo e de como as mulheres de revista lá estavam porque eram burras e vulgares.
_Tá vendo, Larissa! Quer ser mulher de revista? _castigavam as colegas.
Foi quando começou a namorar e o namorado foi categórico:
_Mulher minha não posa em revista nem a caralho!
O namoro acabou ali mesmo. Mas ela se sentiu culpada e foi procurar o padre. Este lhe disse:
_Minha filha, você tem de casar, ter seu marido, sua família, seus filhos...
Porém, com quem ela ia casar? Com o grosso do ex-namorado? Continuou encucada e procurou um psicólogo. Este falou mil coisas complexas de Freud a Jung, passando por Reich, repetiu um monte de coisas que sua ex-professora de psicologia falava no colégio e por fim arrematou:
_Você tem que transar!
O psicólogo foi maravilhoso com ela no divã, tirou suas roupas com a mesma sensibilidade com que tirou sua virgindade. E ainda a fez gozar em várias posições: papai-e-mamãe, cachorrinho, cavalinho. Por fim, ainda a desvirginou por trás. Mas a idéia, ao invés de passar, aumentou. Pensou consigo que talvez fosse melhor procurar uma psicóloga. Uma mulher, com certeza, teria a melhor resposta para ela. Procurou sua ex-professora de psicologia, que também era psicóloga e tinha um consultório. Contou a ela tudo! Desde a infância até a tarde com o psicólogo. Ela então arrematou:
_Você precisa de alguém que lhe compreenda!...
A professora foi mais maravilhosa ainda do que o psicólogo: tirou suas roupas com delicadeza e a chupou e lambeu todinha, em várias e várias posições. A fez gozar quatro vezes: a primeira arreganhando-a e chupando-a pela frente, a segunda chupando-a de quatro, a terceira fazendo-a sentar-se sobre seu rosto e a quarta e última deitando sobre ela e esfregando sua boceta contra a dela. O popular velcro.
A partir daí a idéia não mais cresceu... criou raízes! E agora?!... Um belo dia, uma amiga falou que ela poderia fazer um teste para uma agência de modelos. Os veados a acharam gorda, mas um fotógrafo lhe procurou:
_Quer fazer um teste para posar na revista em que eu trabalho?
_É revista de moda?
_Não, é revista masculina...
Ela ainda exitou por um instante, mas acabou por ser fiel ao seu coração e aceitou a proposta. A revista também a aceitou. Houve briga em casa, com os pais, a maioria das amigas deixou de falar com ela, o reitor da universidade "pediu gentilmente" para que ela se retirasse de lá. Os professores a condenaram com palavras pesarosas e olhares de censura. Muitos repetiam a velha frase hipócrita: "_Mas se é isso que você quer, vá fundo!" _sempre com aquele semblante reprovativo de quem, por dentro, na verdade diz: "_Que pena! Você não sabe o que está fazendo de sua vida!".
Mas a revista saiu e Larissa foi um sucesso. Mesmo sem ter saído na capa. Por conta disso, foi convidada para outros ensaios, naquela e em outras revistas. A grana começou a entrar e ela saiu de casa, até para fugir dos queixumes moralhistas de seus pais.
Foi quando começou a fazer ensaios bem mais ousados, em que se mostrava sem nenhum pudor. Agora aparecia na capa e até em edições especiais, feitas só para ela. Choveram convites para festas, bailes e formaturas. Não tardaram a aparecer propostas de empresários para encontros íntimos, com ofertas generosas tanto em diheiro, quanto em presentes. No início ela educadamente recusava. Mas como a riqueza e a gentileza também seduzem, ela acabou por se tornar especialista em "gerontosexologia", fazer sexo com homens idosos. Ela até preferia eles aos mais jovens, pois eram cavalheiros e bons de língua. Aliás, adorava sexo oral, além da sensação maravilhosa, se sentia delciosa ao ser chupada. Por gostar demais disso, também tinha uma preferência toda especial por lésbicas e mulheres bi, que a procuravam muito. Não era lésbica, mas adorava ser comida por uma. Ainda mais ganhando para isso. Estes encontros, porém, ocorriam longe dos holofotes e das câmeras fotográficas. O que aparecia nas revistas de fofoca eram seus namoros com cantores populares, jogadores de futebol e atores de novela.
Já estava morando sozinha há quatro anos quando seus pais se reaproximaram. Assim como seu ex-namorado e as amigas. Vinham todos com uma fala gentil, pedindo desculpas, pedindo para voltar, elogiando seu flat, seu carro e, é claro, pedindo uma ajudinha para colocar sua irmã na faculdade particular, para pagar as últimas parcelas do carro, para ajudar no enxoval do casamento e, pasmem, até para ajudar na reforma da igreja! Isso sem falar em antigos professores, que apareciam do nada, com mil mãos e abraços muito calorosos para cima dela. Até o próprio reitor da universidade veio pessoalmente procurá-la, para que participasse de uma palestra de sociologia, onde contaria sua experiência como "mulher de revista". A cada um deles ela respondeu...
Aos pais: _Manda a Marisa estudar! Pra ela não ser uma mulher de revista que nem eu! Aliás, mamãe, por que a senhora nunca deu uma surra nela por ela ser burra e preguiçosa?
Ao ex: _Que eu saiba, "mulher sua", jamais posaria em revista!
Às amigas: _Você quer receber dinheiro de uma mulher de revista? O que seu noivo vai pensar? Serei exemplo para sua filha?
Ao padre e à antiga professora de catequese: _Vocês querem colocar a igreja em pecado? Eu não sou uma mulher de revista?
Aos antigos professores: _Por que você não vai tirar casquinha da sua mãe, que era uma santa!
Ao reitor: _Por que o senhor me quer na sua universidade? Não sou um problema social? O senhor não me pediu tão gentilmente para sair de lá?
Não desembolsou nada! Para nenhum deles. A família a chamou de ingrata, o ex saiu dizendo para todo mundo que o sucesso lhe subira á cabeça, as amigas a chamaram de puta, a igreja a excomungou, assim como o reitor abriu um simpósio para que especialistas discutissem sobre o "problema da prostituição". Seus ex-professores participaram em peso. E o mundo continou assim, mantendo sua moral, enquanto não abocanhava sua pensão, sua mesada, seu favor, seu dízimo, sua verba. Na mais santa prostiuição que existe.

domingo, 20 de abril de 2008

A PERNA





















Por Márcio Santana


Foi a Perna, ela salvou a sua noite.
Eram duas daquela madrugada de dezembro quando M. recebeu aquela cusparada na cara:
_Não gosto dos teus escritos, não!
_Ah, não?
_Não. São vulgares e você força muito a barra.
_Forço muito a barra.
_Além do mais, que contribuição terão? _Pensou um pouco e disse: _Nenhuma! _Olhou um instante, muito sério pra M. e prosseguiu:
_A escrita, poeta, é um fluxo livre. _Fez um gesto nojento com as mãos. Havia uma mulher na mesa e ela dava uns risinhos.
_Fluxo livre...
_Sim, a escrita é um fluxo livre. _E ainda fez o favor de repetir.
_Vai mais uma ai na mesa? _Gritou o barman.
_Manda lá!
Houve então uma pausa e ele tornou outra vez:
_Já até me disseram que és um copioso!
_Um copioso...
A dona dele concordava com a cabecinha. M. olhou para ela. Era branquinha e delicada. Parecia feita de porcelana. Impossível de meter o seu pau ali dentro. Pensou. Foi servida a cerveja e ele olhou para as muitas garrafinhas sobre a mesa. O bastante para começar a odiar o mundo, as pessoas e a Deus. Arredou sua cadeira um pouco para frente e disparou:
_E você?
_Eu?
_Sim, você. Você já deu seu cu?
Tomou um susto: _Baixaria, pô!
_Deu ou não deu o seu cu?
A cara do outro azedou feito vatapá.
_Não te interessa, por que?
_Porque eu já dei o meu cu, você não?
_Problema seu!
_E a tua mãe? Já comeste a tua mãe?
_Ih, apelou! Vamos embora Paulo Henrique! _Falou a dona dele levantando-se bruscamante.
As pernas da mesa tremeram de rir; os copos cuspiram engasgados. Ele havia mordido o traseiro deles; enfiado seu nariz no buraco do cu deles e farejado suas almas nojentas.
_Não aguenta uma crítica desse palhaço ai! Desequilibrado! Escritorzinho de merda! Vamos embora, Paulo Henrique, paga essa porra e vamos embora!
_Escritorzinho de merda? Escritorzinho de merda sim, abençoado pelo grande ventre da merda de Deus, enquanto escrevo os anjinhos ficam acariciando os pentelhos do meu saco, ai quando eu gozo me encho deles e peço para eles meterem seus dedos angelicais no meu cu até fazer eu gozar, ai eu gozo nos cachinhos dourados de cada um deles _a porra escorrendo por suas carinhas de anjo, limpando seus acnes divinos, precisam ver _mas eu também chupo o pau de Deus e ele chupa o meu equando gozamos juntos banhamos essa cidade com nossos espermas sagrados, e tu fica ai babando os colhões desse pessoal da Academia, dando aulinhas de literatura na faculdade, escrevendo esses artigozinhos pro jornal falando de condição humana e não sei lá mais o quê, mercenariozinho de merda, a minha literatura tem sangue e cheira a fezes sim, e se o que eu escrevo não é literatura, eu tô cagando em cima do teu pau!
Conseguiu vomitar aquilo tudo. Bateram em retirada amaldiçoando ele. Teve que pagar a conta sozinho.
Vitorioso, M. desceu a Eduardo Ribeiro como um gigante pequeno, rumo ao puteiro. A noite ainda destilava seu veneno. Os hidrantes bombeavam macabrosamente a água que escorria para a boca dos bueiros, saciando a sede dos ratos. A lua era uma porcaria, mas começava a ficar tesuda. No balcão daquele stripper _um dos muitos armazens sujos do velho cais _M. pediu uma dose cavalar de conhaque negro. Cerveja, aquela altura, vomitaria a própria merda. foi quando ouviu uma voz:
_Não é assim que se aniquila o inimigo. tem que pisá-lo bem até esmagar sua cabeça. E ainda assim, tem-se a ilusão de matá-lo. O homem é como uma barata!
Olhou para o lado de onde vinha a voz e havia só uma perna. Uma porcaria de uma perna cabeluda, com um buraco no meio.
_Porra! _Disse M. _Só me faltava essa!! _E virou de uma golada só o seu conhaque (nunca façam isso!).

Parte II

_O fígado é nossa alma. A nossa mandíbula por dentro. _insistiu a Perna. Ela parecia só e triste, escorada no balcão. Vinha um cheiro escroto de sua necrose, que ela tratou logo de corrigir:
_Não é uma necrose, dessas de propaganda de cigarro, não. É um buraco mesmo, por onde respiro.
_Sim, claro!
_Claro não! Você achou que fosse uma necrose.
_Tudo bem, esquenta não.
Ele não acreditava que estava falando com uma perna. Madonna subiu no palco e fez seu número rotineiro, escalando o ferro com sua boceta. Parecia trinta anos mais velha e acabada. Os peitões arriados; cabelo curto, oxigenado. Uma visão dolorosa do Inferno. Um funcionário infeliz da Defesa Civil, em seu instante de graça, achou que podia enfiar a porra de sua língua porca no cu sujo da Madonna, mas acabou levando um ponta-pé nas fuças e sua noite acabou ali mesmo. Uma cena engraçada. Até a Perna riu. Depois disse:
_Mulher quando envelhece é uma porra mesmo, desaba o céu de sua vaidade. Paga uma dose pro seu velho!
Começava a gostar da Perna. pagou-lhe uma dose e apontou com o beiço para uma cadeira vazia. Queria ver até onde aquilo iria. Era só uma perna. Talvez fruto de sua imaginação embriagadamente perversa. Ela flexionou um pouquinho só o joelho e se encaiou direitinho na borda da mesa, e ficou lá se balançando. Era impressionante. M. pensou em puxar seu bloquinho de notas e anotar qualquer coisa, mas foi interpelado pela Perna:
_Agora me dá um pouco disso ai! Tive um dia péssimo!
_Como faço?
_Derrama um pouco aqui no buraco!
Fez o que ela mandou e a Perna onomatopeou um regozijo quase infinito. Inclinada para trás, junto ao ferro, Madonna seguia com seu show. Mostrava agora sua imensa xoxota encarquilhada, querendo engolir o mundo.

Parte III

_O que você fazia da vida... antes de se tornar isso ai... digo, essa perna? _Perguntou encabulado M.
_Tudo bem! _Tossiu. _Vivi muito tempo sentado sobre o próprio rabo, sem produzir nada. Veio o câncer da inércia e me consumiu. Você não pode ficar sentado muito tempo sobre o próprio rabo. Existe uma lei orgânica.
_Não fico muito tempo sentado sobre meu próprio rabo.
_Sei disso, mas também não pode vender sua alma e nem o seu rabo.
_É, não podemos. Fuma?
_Sim.
_Ééé...?
_Despeje as cinzas no buraco. As cinzas ajudam a cicatrizar e aliviam a dor. As bactérias se encarregam do resto.
_Então você sente dor.
_Todos nós sentimos dor. O mundo é esse desmembramento.
Madonna terminou o seu número e veio rebolando maliciosa na direção deles. Sentou-se no colo de M., beijando-lhe sedutoramente a orelha. Ele sentiu seu hálito morno e natural de puta no cio.
_Então? Vamos fazer um programinha, os três?
Ela se referia à Perna também. A quem mais, se só havia eles dois ali na mesa?...
_O seu amigo é bem simpático, eu gosto de pernas cabeludas. _Disse Madonna.
M. fez estalar os dedos e vieram mais conhaques para a mesa. Luzes vermelhas giravam sobre eles. Madonna levantou-se e deu um girozinho de corpo exibindo sua bunda branca e flácida, repleta de celulites. Depois começou a se esfregar na Perna e os pêlos cabeludos da Perna se eriçaram todos. M. sentiu um comichão no pau, no momento em que o Diabo montou na sua mente e ele teve a idéia, perversamente suja, de convidar a Perna e Madonna para uma festinha particular em seu ap. Toparam.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Parte IV

Fez parar um taxi e eles entraram. A Perna acomodou-se atrás com Madonna e M. seguiu na frente, ao lado do motorista.
_Para onde? _Perguntou o motorista.
_Toca pra frente!
Madonna esfregava-se loucamente na perna da Perna, arrancando gemidos dela. O motorista, um senhor de cinquenta e poucos anos, olhava assustado pelo retrovisor. Não aguentou por muito tempo, não. Virou-se para M. e perguntou:
_Aquilo lá atrás, meu patrão, é uma prótese?
_Não, senhor. É uma perna de verdade.
Ficou um instante em silêncio, depois observou tristemente:
_Minha velha perdeu as pernas num acidente de carro. As duas. deve ser muito difícil viver sem os membros. Sejam quais forem eles.
M. não disse nada. Fez ele parar um instante numa loja de conveniência aberta e saltou para comprar umas bebidas. Depois voltou e entrou no carro. Tudo muito rápido.
_Falta muito, gente boa? _Perguntou a perna lá atrás.
_Já estamos chegando. _Tranquilizou M.
_E fist, vocês curtem fist? _Perguntou Madonna com a voz arrastada e bêbada.
_Topamos tudo, não é companheiro? _Quis saber a perna.
_Sim, topamos tudo. _Confirmou M.
_Ééé... é duro viver sem os membros, companheiros, sejam quais forem eles. _Reforçou o motorista.
O taxi avançou na noite. Começou a chover fininho porque era dezembro. Os para-brisas ensaiavam uma dança macabra. Hipnotizadora. A avenida miseravelmente enfeitada de luzinhas natalinas ia ficando pra trás. As pessoas em seus pequenos arranha-céus, aguardavam o nascimento do salvador, enquanto o mundo se desmembrava. M. refletiu um instante, porque ainda parecia possuir um restinho de alma.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Parte V

No apartamento, ele fez transbordar seus cálices de bebida barata enquanto a Perna escolhia um pancadão pra tocar. E escolheu justamente o que M. mais ouvia: Osté nos infernos de uma banda de rock do Paraguai. Tinham gostos muito parecidos. Parecia até que a Perna um dia pertencera ao seu corpo. Um membro querido seu. Mas isso já era absurdo demais. Madonna, completamente nua, desfilava pela casa seus setenta e um quilos de flacidez e banha. As pernas e coxas cobertas de alegres varizes por toda parte. As celulites pinicavam como estrelinhas travessas na imensidão da carne branca. Os peitões desmaiados. Acabada mesmo. Ainda assim, parecia capaz de provocar nele e na Perna um desejo doentio-ginasiano. a Perna dirigiu-se à Madonna e a convidou para dançar. Ela dançou com a Perna uma dança estranha e sensual. Estirado no sofá, M. acendeu seu cigarro, tomou uma golada de sua bebida ordinária e puxou o pau para se masturbar. Precisava de algum jeito registrar aquilo tudo, mas estava ficando bêbado demais, de forma que as imagens foram as poucos ficando difuzas, dando-lhe a impressão de estar dentro de um sonho loucamente entorpecido. Foi então que a Madonna sugeriu o fist e eles começaram a praticar um fist à avessas, já que a Perna _como não possuia punhos _enfiou-se ela mesma na buceta da Madonna e ela foi inchando, inchando e inchando como uma jibóia devorando sua presa. Como se não bastasse, fez um sinalzinho com o indicador, chamando M. e ordenando que ele metesse no seu cu. A chuva havia engrossado um pouco lá fora. Dava pra ouvir o barulhinho dela. M. ordenhou bem o seu pau e meteu no cu da Madonna. Ela tinha agora M. e a Perna. Estava preenchida e gritava acompanhada da voz rouca dos trovões. M. metia no se cu e depois na boca. Começava a gostar daquela porca e ela os chamava de príncipes. Meteram e meteram por horas, até M. gozar e tombar para o lado. Mas não pensem que acabou ai não. M. tirou seu pau pra fora foi até o banheiro urinar. Urinou como um potrozinho. O pau ainda latejava. Foi quando ele ouviu uma voz:
_Em forma ainda, hein, campeão?!
Virou-se e era a perna escorada á porta. Havia acabado de sair de dentro da Madonna e ainda estava coberta de gosma.
_É, a gente faz o que pode. _Disse M. orgulhoso, dando aquela balançadinha.
_Mesmo?
_Han, han!
_Então me fode agora, meu rei! Mete em mim! _Disse a perna com malícia.
_Não rola! _Tentou passar mas a perna bloqueou sua passagem.
_Por que não rola? _Insistiu a perna.
_Essa tua necrose.
_Não é uma necrose. É um buraco mesmo, já disse!
_Não rola!
_Vai, mete só um pouquinho! _Encurralou M. no banheiro e o pau dele já estava duro de novo. A perna tinha lá o seu poder de sedução e M. não resistiu, metendo seu pau no buraco da Perna. Ela deu um gemidinho profundo. M. pareceu gostar e foi metendo mais e mais fundo no buraco da Perna. Parecia bizarro, mas gostoso. Madonna apareceu de repente e segurava um pepino bem grande. M. a viu mas não fez nada. Ela foi por trás dele e alisou sua bunda.
_Vai ficar gostoso assim! _Foi o que ela disse enterrando de leve o pepino no cu de M. Agora ele fodia a Perna e Madonna fodia ele com o pepino. Enterrou o pepino até o fundo e ele viu estrelas explodindo. Então M. desmaiou.

Final

Um cheiro de porra, vômitos e merda, empestava a casa toda. M. tentou apoiar-se no canto da pia, mas escorregou, quase batendo sua cabeça, que girava feito um torno.
_Caralho! _esbravejou.
Tentou de novo e dessa vez conseguiu. Ficou um tempo pensando, nauseabundamente. Cambelou até a sala e chegou no quarto e na cozinha. Nenhum sinal da perna e nem da puta da Madonna. Só aquele cheiro de imundície empestando tudo. Viu as horas: eram quase três da tarde de um outro dia. Véspera de Natal. "_Vai ver saíram pra comprar mais bebida." _Pensou otimista. tomou uma chuveirada para ver se aliviava a ressaquinha. Passaram algumas horas e nenhum sinal deles. aí o telefone tocou e era um poeta amigo seu:
_Porra, Mário! por onde tu andavas? Tem aquele sarau hoje á noite no Campus! Esqueceu não, né?...
"_SEI, SEI, MAS DEIXA EU TE FALAR, ACONTECEU UNS TROÇOS ESTRANHOS POR AQUI, MAIOR DOIDEIRA, TU NÃO VAI ACREDITAR, VOCÊ TÁ ME OUVINDO? ACABEI DE FODER COM UMA PERNA E COM A PUTA DA MADONNA DAQUELE PÉ SUJO VINTE E QUATRO HORAS LÁ DO BAIXO, E TUDO COMEÇOU NO BAR DAQUELE PORTUGUÊS IMUNDO, VOCÊ TÁ ME OUVINDO? TAVA LÁ TOMANDO MINHA CERVEJINHA QUE É DE LEI, SOSSEGADO, E AI APARECEU AQUELE FILHA DA PUTA DAQUELE PROFESSOR DE LITERATURA LÁ DA FACULDADE COM UM BAITA MULHERÃO E TUDO IA BEM, QUANDO ELE SACANEOU COM OS MEUS ESCRITOS, ELE DISSE QUE ELES NÃO VALIAM NADA, QUE EU FORÇAVA A BARRA, QUE A POESIA É FLUXO LIVRE E QUE EU ERA UM PLÁGIO, UM PLÁGIO, VOCÊ TÁ ME OUVINDO? PORRA, VOCÊ ME CONHECE E SABE QUE EU NÃO SOU UM PLÁGIO E SABE QUE EU FICO BÊBADO FAÇO MERDA, NÃO ME CALEI NÃO, MANDEI ELE E A PUTINHA DELE À PUTA QUE PARIU E AI ELES DEIXARAM O BAR ME ESCONJURANDO E EU TIVE QUE PAGAR A CONTA SOZINHO, AI ENTÃO EU DESCI A EDUARDO RIBEIRO RUMO AO PUTEIRO, AONDE MAIS, E LÁ EU CONHECI A PERNA, UMA PERNA CABELUDA DE VERDADE, ELA SALVOU MINHA NOITE CARA, ELA PUXOU CONVERSA COMIGO E FICAMOS NO BALCÃO BEBENDO NOSSOS CONHAQUES E A PERNA ME FALOU QUE O MUNDO É UM DESMEMBRAMENTO E EU NÃO TINHA PRESTADO ATENÇÃO NISSO, VOCÊ TÁ ME OUVINDO? O MUNDO É UM DES-MEM-BRA-MEN-TO, DEPOIS APARECEU A MADONNA, CARA, ELA TÁ ACABADONA, VELHA, ESCROTA MESMO, VOCÊ TÁ ME OUVINDO? E ELA QUIS FAZER UM PROGRAMA COMIGO E COM A PERNA, ENTÃO SAÍMOS DE LÁ DO PUTEIRO E EU OS TROUXE PARA CÁ PARA O MEU APARTAMENTOZINHO, CARALHO, ELA E A PERNA ERAM ADEPTAS DO FIST, VOCÊ POR ACASO SABE ONDE SE ORIGINOU O FIST? TAMBÉM NÃO, ESQUECI DE PERGUNTAR, MAS OLHA, ELES PRATICARAM ESSA IMUNDÍCIE NA MINHA FRENTE, CARA ELA ENGOLIU A PERNA TODINHA, ENTROU TUDO, DEPOIS ELA MECHAMOU PRA COMER O SEU CÚ E METI NO CU DELA, NO CU DA MADONNA E FICAMOS AQUI OS TRÊS FODENDO A MADRUGADA TODA, E FODEMOS TAMBÉM NO BANHEIRO, EU COMI A PERNA, AH SIM, A PERNA TINHA UM BURACO FEIO, UMA ESPÉCIE DE NECROSE DESSAS DE PROPAGANDA DE CIGARRO, SÓ QE ELA INSISTIU EM DIZER QUE NÃO ERA UMA NECROSE DESSAS DE PROPAGANDA DE CIGARRO, QUE ERA UM BURACO, E PARECIA MESMO UM BURACO, UM BURACO MACIO, METI MEU PAU LÁ DENTRO, ENQUANTO A FILHA DA PUTA DA MADONNA RESOLVEU ENFIAR UM PEPINO INTEIRINHO NOMEU CU, ...
_Chega! Tá bom! Escuta! Não vai esquecer do sarau de hoje à noite. Leva o Sindicato... que preciso dar uma revisada. _Desligou.
M. deixou a poeira sentar um pouco e pensou em ir até a mercearia mais próxima, comprar qualquer coisa pra comer, porque sentiu fome. Vestiu-se e desceu as escadas de seu prédio. Na portaria, parou e perguntou ao seu Clóvis, o porteiro:
_O senhor por acaso viu passar por aqui uma mulher suspeita acompanhada de uma Perna cabeluda?
_Hein! _Me repetiu a pergunta. _Não senhor, não vi!
_Ok!
Deixou o prédio e atravessou a rua em direção a tal mercearia. Lá comprou leite, pão, bolacha e um enlatado de conserva, e uma garrafa de Cizano que era pra matar a ressaca. _Tanto! _contabilizou o comerciante. Mandou botar na conta. deu meia volta e atravessou a rua, retornando ao prédio. Fazia uma tarde agradável. Ventava. Um vento frio acariciando a espinha dos passantes. Parou de novo e perguntou ao porteiro:
_O senhor tem certeza que não viu passar por aqui uma mulher suspeita acompanhada de uma Perna cabeluda, seu Clóvis?
_Tenho, seu Mário.
_Então tá.
Aceitar ou não a realidade dos fatos, só a ele cabia e a mais ninguém. Sorriu subindo apressado as escadas de seu prédio. Tinha pressa de escrever, antes que tudo lhe escapasse pelas venezianas da mente.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

ISO 9000





Joelma estava num dia daqueles. Não que estivesse menstruada, mas estava abusada da vida, mais puta do que a puta que já era. Foi quando o Vectra apareceu com mais um bom rapaz de trinta anos, insatisfeito com o casamento.
_Quanto tá a hora?
_Tô zoando hoje não, meu filho, vai procurar outra!
_Mas nem um boquetezinho?
_Nem boquetezinho, nem boquetezão, rapaz. Vai encher o saco de outra, vai! _ralha a baranga, puta e meia da vida, por conta de 17 anos infrutíferos de zona.
_Oi! _chega uma linda jovem à porta do rapaz. Ela tem a pele clara, os olhos grandes, vivos e negros, uma boca carnuda, de dentes lindos e gengiva saliênte e seus cabelos são lisos e negros como os de uma egípcia. A franja lhe ressaltava o ar de Cleópatra.
_O-oi.. _responde ele impressionado.
_Quer um programinha?
_É.. lógico! _diz ele abestalhado.
Ela então passa pela frente do carro e ele pôde ver suas coxas maravilhosas, sob uma sainha jeans, curtíssima. Antes que ela abra a porta do passageiro, ele apressa-se em ser cavalheiro e abre para ela. A jovem entra sorridente e brejeira, com seu jeito de estudante e não de prostituta.
_Vamo começar logo com o boquete? _pergunta ela com naturalidade.
_Vamo! _responde ele já abrindo a calça.
A garota tira do bolso uma camisinha, coloca-a com a boca no pau duro do cidadão e começa a chupar com destreza, sem encostar os dentes. O sujeito pira:
_Ooooooh...
Antes que ele goze ela pára, levanta a saia, tira a lingerie preta e monta.
_Aaaah! _geme o feliz cliênte.
Ela mexe sensualmente e levanata a camiseta para ele abocanhar seus seios. Como um faminto ele faz isso, ao mesmo tempo em que apalpa sua bunda e passa o dedo médio pelo seu cuzinho.
_Mete! _diz ela bem gostoso no ouvido dele.
O rapaz mete o dedo e se acaba em seus seios. Antes que ele goze, porém, ela pára, desmonta dele, reclina o bando do passageiro até deitá-lo e se deita arreganhada.
_Me chupa, lambe minha boceta!
Ele vê aquela bocetinha polpuda, coberta de pelinhos negros e não vacila, mete a língua. Come a boceta com mais fome do que abocanhou os seios. Se lambuza com o mel da inusitada gatinha.
_Aaaaah... hummm... uuuuhh... _geme ela.
Ela então treme da cabeça aos pés e goza na boca dele. Sem perder o fólego, porém, ela se põe de quatro, empina a bunda e pede:
_Me come por trás!
Ele obedece protamente, penetrando sua buceta por trás. Sentindo-o muito excitado ela se adianta:
_Come meu cuzinho, come! Vai, come minha bundinha, vai!
O rapaz penetra o furinho apertadinho, sentindo as entranhas macias da menina. Sua beleza de garota colegial, seu perfume, sua doçura sedutora, sua malícia, aquele cuzinho que parecia masturbar seu pau, de tão macio e apertado, o fez se descontrolar:
_Aaaaaaaaaaaahhhh!!!... _gozou ele, bombeando tudo que podia de semêm pau afora.
Tirou o pau de dentro, quase desmaiando e viu que a camisinha estava limpinha, só contendo sua gala branca no interior. Pensou consigo: "_Essa é prossional mesmo, deve comer mamão, pra ficar limpinha por dentro!" Tirou então a borracha usada, jogou-a fora e suspirou. Ela deitou-se do lado dele gemendo. Ficaram lá por um momento. Ele então perguntou se ela queria um cigarro, ao que ela respondeu:
_Não fumo.
_Se importa, seu eu fume?
_Ai, não gosto.
Ele guarda a carteira no bolso da camisa e descança mais um pouco. Ela então veste rapidamente a calcinha, se ajeita e cobra.
_É uma "oncinha".
Ele estava acostumado a gastar no máximo 10 reais na rua com puta "_mas ela vale bem mais do que cinquenta", raciocinou. Puxou a carteira, tirou os cinquenta e entregou sem remorso a ela. A menina agredeceu:
_Brigada! Tchau! _disse beijando-o no rosto.
Ela foi então feliz da vida, já puxando o celular do bolso e discando:
_Márcia! consegui mais cinquenta, já tenho trezentos e tu?... Hoahoahoa!... Passei na tua frente. Agora a gente já tem um bom material para o trabalho de sociologia! Hoahoahoa!... Vou comprar aquele vestido que eu te disse... Hoahoahoa!...


Marcelo Farias.